I SÉRIE — NÚMERO 43
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O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Para apresentar as iniciativas legislativas do PAN, tem a palavra o Sr.
Deputado André Silva.
O Sr. André Silva (PAN): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: As duas iniciativas legislativas do PAN
que hoje se discutem visam reconhecer, tanto no setor público como no setor privado, o direito a 25 dias úteis
de férias.
Os 22 dias úteis atualmente previstos no Código do Trabalho e na Lei Geral do Trabalho em Funções Públicas
são, para nós, claramente insuficientes.
De acordo com um estudo da Direção-Geral da Administração e do Emprego Público, de 2013, a média dos
27 Estados-membros é de trinta e oito horas e meia de trabalho semanais, pelo que Portugal se encontra acima
da média.
Ainda segundo o Relatório da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE),
publicado em julho de 2016, tendo como base o Inquérito Europeu às Forças de Trabalho, Portugal ocupa a 10.ª
posição, numa lista composta por 38 países, com a maior carga horária laboral. Os trabalhadores portugueses
trabalham 1868 horas por ano, mais 102 horas do que a média dos países da OCDE.
Para além dos longos períodos normais de trabalho, verificam-se igualmente situações em que, mesmo após
o horário laboral, os trabalhadores continuam a exercer funções à distância. Tal facto foi comprovado por um
estudo de setembro do ano passado, realizado em França, que demonstrou que 37% dos trabalhadores utilizam
ferramentas digitais fora do tempo de trabalho, o que motivou a criação de legislação que reflete o «direito a
desligar» e que permite assegurar o respeito pelos tempos de descanso dos trabalhadores.
A perceção dominante de que elevados níveis de produtividade apenas se conseguem com elevadas cargas
horárias tem sido cientificamente rejeitada por vários estudos que indicam que, à medida que aumentamos o
número de horas de trabalho, a produtividade diminui, estando inclusive associada ao aumento de produtividade
a existência de maiores períodos de descanso e lazer.
As férias visam proporcionar ao trabalhador a recuperação física e psíquica, bem como condições de
disponibilidade pessoal, integração na vida familiar e participação social e cultural. Ajudam a diminuir o stress,
a relaxar e a aumentar os níveis de energia e criatividade.
Para além disso, nas sociedades modernas, os pais veem-se submetidos a um ritmo alucinante, trabalhando
todo o dia, com exigências profissionais cada vez maiores, deixando pouco tempo e disponibilidade para estarem
com os filhos. O alargamento do período de férias contribuirá, assim, para fomentar o aumento dos momentos
de lazer passados em família, algo que devemos incentivar.
Em suma, é necessário criar condições efetivas que permitam uma verdadeira articulação entre a vida
profissional, pessoal e familiar, de forma equilibrada, sem que o trabalhador se veja obrigado a descurar alguma
delas.
Os projetos que apresentamos e discutimos cumprem estes objetivos.
Numa sociedade cada vez mais abundante em bens e serviços, o que mais escasseia é o que mais
precisamos: tempo para viver!
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Antes de dar a palavra, para uma intervenção, ao Sr. Deputado António
Carlos Monteiro, a Mesa pede a quem deseje participar neste debate o favor de se inscrever.
Tem a palavra, Sr. Deputado António Carlos Monteiro.
O Sr. António Carlos Monteiro (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Debatemos hoje mais
um conjunto de iniciativas que revelam o atual estado da maioria de esquerda. É o leilão das propostas
demagógicas.
Na semana passada, foi a passagem do Carnaval a feriado; agora, é aumentar as férias em mais três dias.
O Sr. João Oliveira (PCP): — O CDS até se arrepia! Tudo o que for reposição de direitos dos trabalhadores
até faz «pele de galinha» ao CDS!