I SÉRIE — NÚMERO 63
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O Sr. José Moura Soeiro (BE): — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Clara Marques Mendes, os trabalhadores
a recibo verde sabem qual foi a sua relação com o anterior Governo. Foi uma relação de perseguição, foram
dívidas, foram contas penhoradas, foram vidas suspensas e foi a manutenção de um sistema injusto,
desproporcional e totalmente desfasado da realidade dos trabalhadores independentes.
Aliás, quando o Provedor de Justiça refere a situação dos trabalhadores independentes, que têm que pagar
uma contribuição maior do que o rendimento que têm, sabe a que regras se está a referir? Às regras que o seu
Governo quis manter e até lhe direi mais, Sr.ª Deputada: nós apresentámos, na anterior Legislatura, uma
proposta para mudar o regime de contribuições dos trabalhadores a recibo verde e para lhes trazer justiça e o
PSD chumbou essa proposta!
O Sr. Adão Silva (PSD): — Mudem agora! Agora é que são Governo!
O Sr. José Moura Soeiro (BE): — Portanto, Sr.ª Deputada, não venha tentar «lavar mais branco», porque o
que está a acontecer é, também, responsabilidade de um regime de contribuições que nós estamos a tentar
mudar e que os senhores quiseram manter.
Por isso, gostava, também, de falar sobre o futuro, porque, Sr. Deputado Tiago Barbosa Ribeiro, nós
estamos, certamente, de acordo, em três aspetos essenciais. O primeiro é o de que estes trabalhadores foram
perseguidos pelo anterior Governo e vítimas deste sistema injusto.
O segundo é o de que o trabalho que já iniciámos para um novo regime totalmente diferente do anterior e
que temos feito em conjunto, na maioria, é da maior importância, porque é a oportunidade de trazer alguma
justiça a estes trabalhadores.
O terceiro aspeto diz respeito às multas — porque esse é também o tema que trouxemos a debate — e temos
de ter a noção da injustiça atroz que são estas multas que foram enviadas.
Portanto, Sr. Deputado, estamos interessados em encontrar uma solução e temos a expetativa de que, no
seio da maioria, e em articulação com o Governo, se encontre uma solução concreta para esta matéria.
Nós contamos com o Governo, porque esta injustiça tem de ser suspensa desde já, agora, e o Parlamento
deve corresponder à esperança e à expetativa criada nestes trabalhadores quanto à aprovação de um novo
regime que resgate a justiça contributiva para os trabalhadores independentes.
Sr. Deputado, não temos tempo a perder e foi por isso que trouxemos este debate e esta proposta ao
Parlamento e contamos com os parceiros da maioria para responder à urgência de fazer justiça a estes
trabalhadores.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Para uma segunda ronda de pedidos de esclarecimento, tem
a palavra a Sr.ª Deputada Rita Rato.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Deputado José Soeiro, saúdo-o pela declaração política que
aqui trouxe, porque, efetivamente, a situação dos trabalhadores independentes que aqui denuncia é importante
e merece ser discutida.
Desde logo porque é inquestionável a importância das contribuições para a segurança social, enquanto
matéria decisiva para a sua defesa e para o seu reforço e isso exige, em primeiro lugar, trabalhar na garantia
do pagamento a tempo e horas, por parte das entidades empregadoras, de descontos para a segurança social,
que é uma obrigação que têm. Os dados que temos são os de que 77% das notificações foram sobre empresas
que não pagaram a tempo e horas os descontos para a segurança social relativos aos seus trabalhadores. Outra
coisa que se exige, também, como importante e prioritária é encontrar um regime adequado de descontos para
a segurança social por parte dos trabalhadores independentes. É neste trabalho que o PCP tem estado
empenhado, porque entende ser de elementar justiça.
O regime de contribuições para a segurança social que hoje existe por parte dos verdadeiros trabalhadores
independentes é injusto e é profundamente desadequado. Ora, é de elementar justiça garantir aquilo que
durante quatro anos PSD e CDS recusaram, ou seja, encontrar um regime de descontos para a segurança social
que tenha por base o rendimento realmente auferido por estas pessoas, garantindo a sua proteção social.