I SÉRIE — NÚMERO 89
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contrapartida imposta pela Comissão Europeia, a redução de custos e de infraestruturas veio a verificar-se ter
de ser superior ao que seria expectável?!
Uma coisa é certa, esta é a opção deste Governo e o mais estranho de tudo é que, sem qualquer
razoabilidade na invocação de um qualquer critério de racionalidade económica, associado àquilo que deve ser
a prestação de um serviço público pago por todos nós contribuintes, é ver aqueles que antes defendiam a banca
pública agora a favorecerem, com as suas erradas decisões, precisamente a banca privada. É mesmo de um
cinismo atroz! É assim, Srs. Deputados do PS, do Bloco e do Partido Comunista!
A Sr.ª MarianaMortágua (BE): — Para quem queria privatizar, nada mau!
A Sr.ª ÂngelaGuerra (PSD): — Agora, nestes territórios, só lá ficam em exclusividade, vejam lá, os privados
e, estranhamente, na grande maioria das localidades, é sempre o mesmo privado.
Almeida é a única sede de concelho que vê tristemente o seu balcão da Caixa, banco público, encerrar, mas
parece que o plano de cortes proposto foi repensado e, afinal, alguns balcões saíram já da tal lista negra.
Por exemplo, o encerramento do balcão de São Vicente da Beira, em Castelo Branco, foi repensado, e bem!
Será que é por ser um território liderado pelo PS?
O encerramento do balcão de Teixoso, na Covilhã, foi repensado, e bem! Será que é por ser uma junta de
freguesia do PS?
O encerramento do balcão de Mourão foi repensado, e bem! Será pela mesma razão? Será que é o PS quem
governa o seu território?
O encerramento dos balcões de Lajes do Pico, nos Açores, e de Vila Praia de Âncora foram repensados, e
bem, na minha opinião, e todos, todos, do PS!
Sr.as e Srs. Deputados, a Caixa Geral de Depósitos é um banco do Estado — isto é, de todos os portugueses
—, não é um banco como os outros. Se a Caixa não existe para atender a determinados fins de interesse público,
para que serve então?
A Caixa não pode, pois, deixar de ter em conta, no seu plano de reestruturação, a adaptação de regras de
eficiência que também contemplem a existência de serviços e objetivos mínimos de serviço público e que
continuam a justificar, precisamente, a sua propriedade pública.
Por último, e independentemente destes aspetos, não é concebível que uma empresa pública como a Caixa
se considere em condições de não receber presidentes de câmara, que representam as populações dos seus
concelhos, e de não explicar que alternativas têm para suprir as falhas do tal plano de reestruturação. Não é
aceitável o que se está a passar e que o Primeiro-Ministro e os Ministros considerem normal e justificável não
responderem perante o Parlamento ou que as administrações de empresas públicas tratem autarcas nos termos
em que a Caixa tratou o Presidente da Câmara de Almeida.
São devidas explicações às populações e aos seus autarcas, com respeito e não com soberba e arrogância.
Por Almeida, a propósito de épocas idas, em que os franceses invadiram os nossos territórios, gritava-se
com galhardia: «Alma até Almeida!». Agora, os seus autarcas avisam: «Há guerras que se ganham e que se
perdem, mas garanto que a nossa luta vai continuar!».
Os mesmos soldados à época, que reiteraram até à exaustão «E de Almeida em diante alma sempre!», e o
povo de Almeida, que hoje está presente entre nós, têm toda a razão!
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Sr.ª Deputada Ângela Guerra, a Mesa registou a inscrição, para pedir
esclarecimentos, de quatro Srs. Deputados.
Como pretende responder?
A Sr.ª ÂngelaGuerra (PSD): — Em conjunto, Sr. Presidente.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Sendo assim, tem a palavra o Sr. Deputado Santinho Pacheco.