I SÉRIE — NÚMERO 89
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O Sr. Jorge Machado (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Renato Sampaio, além de saudarmos a sua
intervenção, queremos associar-nos a ela.
É verdade que o distrito do Porto tem um conjunto muito significativo de potencialidades para contribuir para
a riqueza nacional. É verdade que temos registado alguns indicadores económicos que são de saudar, mas não
partilhamos qualquer perspetiva de «enfiar a cabeça na areia», no que diz respeito aos problemas que o distrito
enfrenta.
De facto, fruto de várias décadas de política de direita, temos problemas muito sérios para tratar no distrito,
desde logo a degradação dos serviços públicos, porque é uma realidade que se vive com particular dimensão e
preocupação no distrito do Porto, e temos problemas sociais muito graves. Não obstante os resultados e alguma
melhoria daquilo que são os indicadores sociais, a verdade é que o distrito do Porto tinha, e tem, o maior número
de beneficiários do rendimento social de inserção (RSI), o que significa que há problemas de distribuição da
riqueza e há pobreza significativos. O distrito do Porto tem, ainda, um elevado número de desemprego, tem
salários e pensões abaixo da média nacional. Esta é uma realidade que importa acautelar.
Há uma necessidade imperiosa de investimento público que dinamize a produção nacional e de melhorar
efetivamente as condições de vida das populações do distrito do Porto.
Mas, mais do que falar do plano teórico, importa ir ao plano concreto.
Assim, o PCP, nas últimas semanas, apresentou um conjunto de iniciativas que passam, entre outras, por
um projeto de resolução que promove a dinamização do setor de ourivesaria, que tem uma grande importância
no distrito, por um projeto de lei para a diminuição da idade da reforma dos trabalhadores das pedreiras que
sofrem brutalmente com aquelas condições de trabalho, por projetos de resolução, no que diz respeito aos
transportes, para a recuperação da Linha de Leixões para passageiros ou para um plano de mobilidade no
interior do distrito do Porto que importa acautelar. Temos as nossas posições sobre os investimentos
necessários, no que diz respeito ao Metro. Temos, portanto, um conjunto de iniciativas que importava aqui
discutir.
Foi, ainda, aqui referido que o distrito do Porto contribui, e muito, para a riqueza nacional…
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Queira concluir, Sr. Deputado.
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Concluo, Sr. Presidente, dizendo que, apesar disso, o distrito do Porto ainda
tem problemas muito graves relativamente àquilo que é a injustiça na distribuição da riqueza.
Pergunto: qual é a disponibilidade do Partido Socialista para acudir a estes problemas concretos que aqui
colocamos?
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado José Luís
Ferreira.
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Renato Sampaio, de facto, os dados
indicam-nos que a economia portuguesa superou todas as previsões. São boas as notícias económicas que
contrariam indiscutivelmente as previsões do PSD e do CDS e, como referiu, com estes números, é necessário
recuar mais do que uma década para encontrar uma variação homóloga do PIB idêntica à do 1.º trimestre de
2017. É preciso recuar ao início do século para encontrar um valor mais alto. Ora, isto significa que é possível
crescer sem castigar as pessoas; significa que a devolução de rendimentos também está a produzir resultados;
significa que tinham razão todos aqueles que disseram que havia alternativas à austeridade, que, aliás, marcou
as políticas do PSD e do CDS; significa que a austeridade não era, como não é, uma inevitabilidade; significa
que a mudança de políticas está ser produtiva e que, de facto, se impunha. Agora, vamos esperar que os
portugueses possam continuar a beneficiar desta mudança de políticas e que estes números tenham reflexos
na vida das pessoas, das famílias e na qualidade dos serviços públicos prestados aos cidadãos.
O Sr. Deputado Renato Sampaio tem razão, o diabo veio mesmo! O diabo veio mesmo, mas não veio para
os portugueses, não veio para a nossa economia, nem veio para o Governo, o diabo veio para o PSD e para o