I SÉRIE — NÚMERO 105
34
até estava o seu colega Deputado Nuno Magalhães, Sr. Deputado Telmo Correia. Esta é que é a resposta
inequívoca!
Aplausos do BE.
Mas se há negociata de PSD e CDS, o PS, através de António Costa, poderia ter dito não? A resposta
também é clara e inequívoca. Poderia e deveria ter dito «não» na altura em que assinou o contrato! Não o fez,
não teve a coragem devida para defender o que era público.
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — E agora?! E neste Governo?
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Agora, 10 anos depois, tantas trapalhadas depois, tantas intermitências
depois e tantas falhas depois, era de esperar que o PS já tivesse aprendido a lição. E essa é a resposta que
vamos ver daqui a minutos.
Que o PSD só agora, na oposição, é que deixou de acreditar no SIRESP, já percebemos.
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — E o Governo?!|
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Há notícias públicas de que, na altura do Governo de Passos Coelho e
de Paulo Portas, havia uma pressão para que o SIRESP chegasse a todo o País. Veja-se, por exemplo, o caso
da Região Autónoma dos Açores, onde havia a pressão para lá chegar, com o patrocínio do PSD e do CDS!
Esperava-se que o PS que governava e governa a Região Autónoma dos Açores dissesse: «Não, nem
pensar, porque isso não garante a segurança das nossas populações»! Mas, agora, no Governo, o PS diz que
sim e que tem de se manter. Isso é que não é compreensível, Sr.as e Srs. Deputados. Isso é que não é
compreensível!
O Sr. José Manuel Pureza (BE): — Muito bem!
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Vou citar um texto que não é de alguém do Bloco de Esquerda, nem é,
sequer, de alguém de esquerda e que diz o seguinte, num artigo com o título O País numa rede de interesses:
«A opção por uma parceria público-privada (PPP) foi um excelente negócio para os privados envolvidos. Os
privados desta parceira são os suspeitos do costume: SLN/BPN, PT e BES. Entregar uma rede de emergência
e segurança do Estado a privados levanta muitas dúvidas. Para atingir os seus objetivos de coordenação tem
de incluir todas as forças e serviços de segurança». No entanto, até 2014 a Polícia Judiciária não integrava esta
rede, porque não confiava na segurança desta rede.
Ora, quem fez estas declarações foi tão-só o Secretário de Estado do PSD e do CDS que, em 2013/2014,
estava a renegociar esta PPP. E conclui tão simplesmente com o seguinte: «A única forma de termos uma
verdadeira rede estratégica a servir o interesse público é com o Estado a gerir».
Srs. Deputados do PSD e do CDS, já percebemos que não ouvem o Bloco de Esquerda, consideram que há
uma deriva ideológica sobre esta matéria. Pergunto-lhes, então, se ouvem Fernando Alexandre, Secretário de
Estado da Administração Interna do vosso Governo, naquilo que ele conhece e que os senhores o mandataram
para negociar.
Aplausos do BE.
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — E este Primeiro-Ministro? Nada?
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Escutam este Secretário de Estado? Então veremos como votam a
seguir!
Sr. Presidente, termino com uma ideia: o que está aqui em debate é parte de um problema muito mais
profundo sobre como os diversos governos, particularmente os da direita, depauperam o Estado para depois
entregar a segurança a privados.