20 DE JANEIRO DE 2018
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A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Bem verdade!
O Sr. Miguel Tiago (PCP): — … mas, depois, negou-se a resolver o problema por várias vezes. Como tal,
vem agora tentar limpar esse passado. Enfim, chega tarde, mas certamente virá a tempo, porque estas pessoas
precisam de ver o seu problema resolvido.
Srs. Deputados, se desde o início tivesse sido feito aquilo que o PCP afirmou ser a solução, que era a
integração do GES, do seu património e do património dos seus grandes acionistas, indo à procura da sua
riqueza,…
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
O Sr. Miguel Tiago (PCP): — … do produto do roubo que fizeram aos depositantes, aos portugueses e ao
banco, então, teríamos hoje nas mãos do Estado os instrumentos suficientes para colmatar as dívidas que foram
geradas e que hoje estão nas mãos de lesados, muitos deles em situações sociais que temos vindo a conhecer
e que são deveras preocupantes, pelo que também merecem uma palavra de solidariedade pela situação em
que se encontram.
Da parte do PCP, a solução não está, nem nunca esteve — e sempre o deixámos claro —, em colocar o
Estado a pagar pelos crimes dos banqueiros. Mas também sempre afirmámos que tudo faremos para que sejam
encontradas as formas, com o mínimo esforço público, de ressarcir e de colmatar as dívidas que os banqueiros
contraíram junto destes clientes.
Da parte do PCP, reafirmamos que só o controlo público da banca não é bastante, não é suficiente, mas é
certamente um passo absolutamente necessário para colocar os bancos ao serviço do País, ao serviço do povo,
respeitando os seus clientes com a prestação de um serviço de qualidade, mais honesto do que aquele que
temos vindo a verificar, o que não é difícil.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
O Sr. Miguel Tiago (PCP): — Também é preocupante, Srs. Deputados, que, ao mesmo tempo que todos
vêm manifestar agora estas preocupações com os lesados e as práticas de burla a que chamam mis-selling,
continuem a suceder na banca portuguesa vários exemplos de burla e de mis-selling. Estamos confrontados
com uma banca que não cuidou de corrigir todas estas situações e a Assembleia da República e o supervisor
continuam a ver os bancos privados e os acionistas privados a colocarem produtos tóxicos nas mãos de clientes
que não têm a literacia financeira suficiente para os descodificar.
Por isso mesmo, uma vez mais, é preciso corrigir o problema a montante e também é preciso colocar como
solução o aumento do controlo pública da banca para garantir que os bancos ficam ao serviço do povo e não ao
serviço dos banqueiros.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Não quis interromper o orador, para não o prejudicar, mas tenho de fazer
um apelo ao Hemiciclo no sentido de se evitarem as várias reuniões diferenciadas em relação ao tema que
estamos a debater. Peço, por isso, aos Srs. Deputados que colaborem para criar condições adequadas no
Hemiciclo, nomeadamente para a audição dos oradores.
Queria sublinhar também que, por entendimento da Mesa, como podem reparar na distribuição dos tempos,
foi atribuído mais 1 minuto a cada grupo parlamentar. Inicialmente cada um dispunha de 5 minutos, mas, tendo
em conta que fizemos a agregação dos tempos, deveriam ter sido atribuídos 6 minutos a cada grupo
parlamentar. Feita esta correção, os Srs. Deputados usarão, com a parcimónia natural do tempo disponível,
esse tempo suplementado.
Tem agora a palavra o Sr. Deputado Carlos Gonçalves para uma intervenção.