I SÉRIE — NÚMERO 48
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O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Tem a palavra, para responder, o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada, a uma das perguntas posso responder-lhe com
tranquilidade: quem toma decisões é o Governo e o Governo é o conjunto dos seus membros,…
Risos do Deputado do CDS-PP João Pinho de Almeida.
… que inclui o Ministro das Finanças, o Ministro da Saúde, até inclui o Primeiro-Ministro.
Protestos do PSD.
A Sr.ª Deputada conhece o Programa do Governo e, portanto, sabe qual é a estratégia e o que temos para
executar em matéria de saúde.
Não tenho conhecimento de que vão acabar os médicos especialistas, nunca ouvi isso, mas tenho ideia de
que está a ser trabalhada a identificação do melhor calendário para a abertura dos concursos.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Faça favor de prosseguir, Sr.ª Deputada Catarina Martins.
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, já temos uma boa notícia, os médicos
vão continuar a ter acesso à especialidade como regra.
Julgo que foi isto que disse e é isto que esperamos que aconteça. Aliás, é importante que isto aconteça, e
que aconteça para todos os médicos, até porque é importante que, na saúde, se vá resolvendo os problemas
das várias áreas profissionais, em vez de os criar.
Como sabe, há dossiers abertos de negociação urgente com os médicos, com os enfermeiros, com os
técnicos de diagnóstico, com os farmacêuticos, com os auxiliares. Portanto, na área da saúde, precisamos
mesmo de ir encontrando soluções para os profissionais de saúde e não de ter cada vez mais problemas. Mal
estará o País que não souber cuidar de quem cuida de nós. Os profissionais de saúde merecem e precisam de
respostas, que já esperam há muito tempo.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE) — Muito bem!
Protestos da Deputada do PSD Ângela Guerra.
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Sr. Primeiro-Ministro, há ainda um outro tema de saúde que eu gostaria de
trazer a debate.
Neste momento, poder-se-ia dizer que o Ministro da Saúde tem problemas com todos os profissionais de
saúde menos com os administradores dos hospitais e das clínicas privadas, que dependem do Estado para
sobreviver.
Aplausos do BE.
Aliás, em Portugal, a saúde privada é o negócio de andar com a mão estendida ao Estado, e, na verdade,
tem rendido. Como dizia Isabel Santos, responsável pelo BES Saúde, na altura: melhor só mesmo o negócio do
armamento. E a verdade é que a iniciativa privada, como, aliás, o presidente da associação das administrações
dos hospitais privados veio agora mesmo avisar, precisa do financiamento público para dar valor à sua área de
negócio.
Portanto, temos um problema em Portugal, temos o problema de estar a sair dinheiro diretamente do Serviço
Nacional de Saúde para financiar o negócio privado da saúde. E é um problema para o qual não estamos a ver
solução.