I SÉRIE — NÚMERO 75
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O Sr. Heitor Sousa (BE): — Finalmente, refiro a Linha do Vouga, um projeto de transporte de passageiros
que, naquela região, faz muita falta para coser a mobilidade interna ao nível regional e para promover uma
mobilidade ferroviária requalificada, que sirva efetivamente as populações no interior do distrito de Aveiro e de
uma parte do distrito de Coimbra e que permita uma mobilidade mais sustentável e mais integrada do ponto de
vista regional.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Hélder
Amaral.
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, vou repetir que, de facto, esta
reprogramação faz todo o sentido. Se não houvesse outra, a simples razão de este quadro ter sido desenhado
num momento de crise e de estarmos hoje, como diziam, e bem, num cenário completamente diferente desses
cenários macroeconómicos de desenvolvimento da economia portuguesa dá sentido a esta reprogramação.
Contudo, o importante é discutir como é que essa reprogramação é feita e com que objetivos. Aí, de facto,
temos mais dúvidas, que têm a ver, em primeiro lugar, com o necessário consenso que essas matérias têm de
ter.
Não queria deixar de dizer que nada move o CDS contra Lisboa ou contra o Porto, porque o País tem de ser
visto como um todo. Mas não podemos ignorar que 60% do PIB (produto interno bruto) — e se fizermos uma
projeção, mesmo que seja a curto prazo, esses dados vão agravar-se — estão nas Áreas Metropolitanas de
Lisboa e do Porto. Portanto, se não arranjarmos soluções, se não encontrarmos medidas que possam esbater
este efeito, não estamos a prestar um bom serviço ao País.
É por isso que me parece que essa reprogramação pode ser uma oportunidade, nomeadamente na área da
economia, com aposta na indústria 4.0, na formação profissional e em algo que todos referiram, as estradas,
criticando o Governo anterior, embora tivesse havido razões para que não tivesse apostado em mais estradas,
uma vez que tinha havido um exagero nesse mesmo setor da parte do Governo que o antecedeu.
Mas, ainda assim, este Governo conseguiu inscrever verbas para valorização das áreas industriais, mas
depois não as concretiza — e são inúmeras.
O mesmo acontece em relação às acessibilidades. O Sr. Deputado Heitor Sousa falava na ferrovia. De facto,
Sr. Deputado, deviam estar 739 km completos de ferrovia e estão apenas 79 km. Diz que podemos alocar verbas
da linha Aveiro-Salamanca para outras também necessárias, como a Linha do Oeste, a Linha do Vouga. Mas,
Sr. Deputado, também está prometido, com verbas já alocadas, o troço Mangualde-Vilar Formoso, que faz parte
dessa linha.
O Sr. Heitor Sousa (BE): — Essa é a linha da Beira Alta!
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — O Sr. Deputado quer fazer o quê? Quer cortá-la, impedindo o interior,
que precisa de investimento na mobilidade, de estabelecer a ligação ao seu principal mercado, que é Espanha?
Temos de chegar a acordo.
Sr. Deputado Pedro Coimbra, quando pegamos num programa nacional, como é o Fundo Ambiental, e
alocamos as respetivas verbas para os metros de Lisboa, do Porto e do Mondego, estamos, obviamente, a
retirar verbas ao interior ou às zonas de convergência.
Devíamos, ou não, estar a discutir se devemos, ou não, corrigir os desequilíbrios dos PARU (Planos de Ação
de Regeneração Urbana) e dos PEDU (Planos Estratégicos de Desenvolvimento Urbano)? Sim!
Devíamos, ou não, reforçar verbas para o ciclo urbano da água? Sim!
Devíamos, ou não, reforçar verbas para as áreas da educação e da saúde em algumas regiões que têm
problemas evidentes? Sim!
Vou falar-lhe, por exemplo, do Alentejo, que tem problemas no ciclo urbano da água, nas acessibilidades, na
saúde, etc.
São esses programas operacionais regionais que deviam ser reforçados. Por isso, é que volto a dizer que a
reprogramação devia ter como principal objetivo olhar com muita atenção para a execução desses programas