4 DE MAIO DE 2018
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A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados: Sr.
Secretário de Estado, descreveu as finalidades desta autorização legislativa, com as quais, aliás, o CDS
concorda, mas creio que seria importante começar por dar explicações sobre o atraso na transposição desta
Diretiva.
Esta Diretiva é muito importante quanto à abertura dos mercados de pagamentos, e é também relevante que
o Governo, que tanto fala de inovação, de abertura e da necessidade de Portugal estar na primeira linha nessa
matéria, explique no Parlamento porque é que numa questão como esta, que é, simultaneamente, muito
importante para muitas empresas inovadoras, mas também para todos os consumidores portugueses, se
atrasou, e muito, deixando-se ficar para trás, com prejuízo simultâneo quer das empresas, quer dos
consumidores.
A verdade, Sr. Secretário de Estado, é que muitas empresas portuguesas começam agora em clara
desvantagem, porque não tiveram tempo de ganhar músculo e de se posicionarem no mercado português. Assim
sendo, essas empresas partem em clara desvantagem face à concorrência de outras empresas estrangeiras,
que já tiveram tempo para implementar e se habituar a esta abertura. Portanto, acho que era normal e razoável
que desse essa explicação.
Em segundo lugar, em relação aos consumidores portugueses, creio que seria importante explicar as
vantagens que pode haver nesta abertura de mercados — e, aqui, no passado, muitas vezes, tivemos
discussões sobre as comissões pagas pelos serviços de pagamento, quer por consumidores quer por empresas.
Portanto, importa perceber se esta legislação vai ter algum impacto a nível das comissões e da concorrência do
ponto de vista das comissões. E, se assim é, importa ainda perceber porque é que, mais uma vez, o Governo
se deixou ficar para trás, permanecendo o mercado dos pagamentos, em Portugal, fechado, ou seja, porque é
que o Governo compactuou com esse fecho do mercado.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Miguel Tiago.
O Sr. MiguelTiago (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Srs. Deputados: O surgimento de
novas formas de pagamento eletrónico relacionado com o desenvolvimento dos meios tecnológicos e com a
melhoria constante das tecnologias de identificação eletrónica e com a massificação da sua utilização tem criado
um universo cada vez maior de transações que correspondem a pagamentos realizados em todas as áreas de
atividade e que substituem, em parte crescente, e cada vez mais significativa, os pagamentos em numerário e
as trocas físicas de moeda.
Em diversos serviços, presencialmente ou por vias telemáticas, um vasto volume de pagamentos é realizado
com o apoio na moeda eletrónica. E há um mercado deste serviço, o mercado de prestação de serviços de
pagamento, que acompanha esse crescimento, na disponibilização seja das caixas automáticas, seja de
terminais de pagamento eletrónico, seja de cartões e outros serviços de pagamento.
Esta proliferação de serviços, no âmbito das caixas automáticas, retirou o monopólio ao Multibanco. E
aproveito para dar nota de que o Multibanco representa um serviço de topo, uma tecnologia de topo, que ainda
hoje está disponível para os portugueses e que foi desenvolvida por vários bancos, que, na altura, eram todos
públicos, o que também prova que a banca pública e as empresas ao serviço do Estado também podem
desenvolver tecnologia, melhorar o seu serviço e estar ao serviço dos cidadãos.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
O Sr. MiguelTiago (PCP): — Mas, como dizia, esta proliferação de serviços retirou o monopólio ao
Multibanco, no âmbito das caixas automáticas, e criou uma oferta muito mais vasta e complexa quer nestes
serviços quer em outras formas de pagamento.
É claro que também há o reverso da medalha, porque esta proliferação de serviços criou, em muitos deles,
o conceito de pagamento ou de taxas ou de comissões na própria utilização destes serviços, o que não existia
no contexto do monopólio Multibanco, apenas, é claro, num universo mais restrito. Trata-se de uma proliferação