I SÉRIE — NÚMERO 65
32
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Sr. Deputado, queira apenas ter como resposta que a Mesa contribui
para manter o elevado nível dos debates. É esse o seu dever e é isso que faz.
Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Luís Moreira Testa.
O Sr. LuísMoreiraTesta (PS): — Sr. Presidente, Sr. Ministro, Sr. Secretário de Estado, Sr.as e Srs.
Deputados: A internacionalização da economia portuguesa é um objetivo nuclear da ação política do Partido
Socialista e do Governo de Portugal.
É um objetivo que se traduz em metas concretas que pretendemos alcançar e em dinâmicas que queremos
atingir.
A internacionalização da economia é um objetivo e, sendo um objetivo, distanciamo-nos da mera ideia de
fenómeno que acontece, ou não acontece, por mera circunstância dependente de fatores exógenos, reveladores
de ausência de estratégia.
A internacionalização da economia portuguesa é, para nós, primordial para o sucesso da própria economia
e, por conseguinte, é primordial para o sucesso do País.
Se é assim tão primordial, se é um objetivo tão evidente que não deve nem pode ficar entregue ao sabor das
marés, o que deve o Estado fazer? O que deve um governo empreender para catalisar, fomentar e proporcionar
que tal desígnio se verifique de forma constante, estável e duradoura, mitigando, também assim, o efeito de
possíveis ciclos internacionais menos positivos? O que deve um governo fazer para que o quadro de
internacionalização da economia portuguesa se manifeste de forma positiva e intemporalmente? O que deve
um governo fazer para que a economia cresça para além da dimensão do seu próprio mercado? O que deve
um governo fazer para que a nossa economia se robusteça e seja capaz de gerar riqueza, criar postos de
trabalho e fazer investimentos? O que deve um governo fazer?
A resposta é simples, e é tão simples que hoje, pouco mais de dois anos volvidos sobre a tomada de posse
do atual Governo, já é possível concluir que qualquer governo tem de fazer exatamente o que este Governo tem
feito, que é, desde logo, defender um conjunto de políticas públicas que sejam indutoras e mobilizadoras por
oposição a um Estado expectante que reage e só reage à situação do momento.
Foi assim definido o Programa Nacional de Reformas, quando estabelecidos três eixos: a inovação, que
acrescenta valor, que gera mais-valias, que promove vantagens concorrenciais; a capitalização, que fortalece
os agentes económicos e que capacita as empresas para novos projetos; e a internacionalização, que,
conjuntamente com a inovação e a capitalização, proporciona o crescimento da economia.
A correlação entre os agentes económicos e as entidades públicas torna-se imprescindível. Não basta ter
agentes económicos capazes e motivados e entidades públicas determinadas e intervenientes se tal não
acontecer simultaneamente.
Se às empresas portuguesas nunca faltou motivação, capacidade foi o que a nova geração de políticas
públicas lhes trouxe, assim como a determinação assente na parceria das entidades públicas, cuja proximidade
e empenho são essenciais.
Os objetivos propostos pelo Programa Internacionalizar são bem explícitos e enunciam a direção e a rota da
economia nacional, rota para o sucesso que se pretende e que já hoje se demonstra com resultados: mais
exportações, incrementando-as e reforçando o seu peso relativo no PIB, com o contributo para o aumento do
grau de abertura da economia portuguesa como condição para o crescimento e criação de emprego; mais
exportadores, em que o potencial de crescimento do número de empresas exportadoras, com particular atenção
às PME (pequenas e médias empresas), deve permitir uma renovação do tecido exportador nacional, onde se
inclui o acompanhamento das startups nacionais; mais mercados e investimento direto estrangeiro, porque é
fundamental captar esse tipo de investimento, e mais investimento português no estrangeiro, porque também é
preciso capacitar, através da internacionalização, as nossas empresas com a sua presença no estrangeiro; mais
valor acrescentado e, com esse contributo, mais economia nacional.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Peço-lhe para concluir. Sr. Deputado.
O Sr. LuísMoreiraTesta (PS): — Portanto, a intervenção pública, através de políticas próprias, adequadas
e consistentes, determina, com a sua exigência, a diferença elementar entre o sucesso como objetivo e o
sucesso casual, intermitente e fugaz.