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17 DE MAIO DE 2018

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Dizia eu que este Governo só faz aquilo a que é obrigado por razões externas. Baixa o défice e baixa a dívida

por razões externas. Mas também só faz porque é obrigado nas razões internas, por razões eleitorais, porque

podia contagiar a votação.

Passados uns anos de silêncio e de outras coisas, saíram agora grandes personalidades do Partido Socialista

e deste Governo a demarcarem-se do Governo do Eng.º Sócrates. Demarcaram-se do estilo, demarcaram-se

dos comportamentos, demarcaram-se das práticas. Porque é que o fazem? Por razões externas? Fazem-no,

outra vez, não por convicção, não porque acreditem, mas porque são obrigados. Fazem-no, essencialmente,

por calculismo.

Protestos do PS.

Sabe, Sr. Ministro, quando falamos de internacionalização, falamos de economia e, ao falarmos de economia,

temos de falar de modelos competitivos.

O Sr. Ministro acha que tem um modelo competitivo na economia com esta carga fiscal que tem atirado para

cima dos portugueses e das empresas? O Sr. Ministro acha que as pequenas e médias empresas aguentam

estas subidas que têm feito nos combustíveis?

Se o Sr. Ministro fizer uma visita às zonas raianas, ficará com a perceção do preço do combustível, um custo

fundamental para as empresas. Têm feito uma subida constante do preço do combustível, além de terem criado

um imposto que seria para retirar no primeiro Orçamento mas que continua em vigor, pelo que continuam a

somar, somar, somar.

Além disso, não fazem a reforma administrativa e do Estado de modo a tornar a Administração Pública mais

competitiva. Mas estes são só exemplos.

Embora Portugal tenha um índice excelente no que toca a investigadores per capita, os investigadores estão

todos, ou quase todos, nos institutos e nas empresas públicas, não estão nas empresas privadas, e os senhores

nada têm feito por isso. Mas estes são só alguns exemplos do que os senhores fazem por obrigação, por

calculismo e nunca por convicção ou por plano.

Mais estranho é quando temos, pelo menos, dois ministros da economia: o Ministro A, o Dr. Caldeira Cabral,

e o Ministro B, que é o Ministro Adjunto, o Dr. Siza Vieira. Com dois ministros da economia, deveria dar-nos algo

que não fosse tão poucochinho.

Mas sabe porque é que, mesmo com dois ministros da Economia — o Ministro A e o Ministro B —

continuamos a crescer poucochinho e continuamos sem ambição? Porque não temos uma política económica,

porque não temos ambição, porque este Governo não tem coragem e tem de agradar a quem às vezes quer e

a quem às vezes não quer.

O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Peço-lhe que conclua, Sr. Deputado.

O Sr. LuísCamposFerreira (PSD): — Este Governo não tem um plano para a economia, para ajudar a

economia portuguesa e os empresários a afirmarem Portugal enquanto potência económica global e por esse

mundo fora.

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Tem a palavra o Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros para uma

intervenção.

O Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros: — Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sr. Deputado Luís Campos

Ferreira, começando pelo humor e pelas metáforas, concordando consigo, queria dizer-lhe que de uma

barbatana de bacalhau ainda se faz um bom bacalhauzinho. Mas todo o tom da sua intervenção fez-me lembrar

a toma de óleo de fígado de bacalhau: sabe mal mas faz bem. E vai ver que produz efeitos.