18 DE MAIO DE 2018
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Por isso, Sr.as e Srs. Deputados, não há suspeita sobre contribuintes, nem há devassa da vida dos
contribuintes. O que há é mais informação, para, dessa forma, conseguirmos uma melhor justiça e equidade
fiscal.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Para encerrar o debate, tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Filipe Soares, do Grupo
Parlamentar do Bloco de Esquerda.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados: Este
debate, como se prova, é da maior importância para o País, mas, como se provou pelos argumentos
apresentados, não foi tomado com a seriedade devida por todas as bancadas.
É certo que já sabíamos que o PSD andava há meses a falar das listas de grandes devedores da Caixa Geral
de Depósitos, mas, como se provou esta semana, falavam, falavam, falavam apenas e só por isso, para falar,
por propaganda política, chicana política para, na demagogia, tirarem alguma vantagem.
Senão, veja-se: há projetos de todas as bancadas, exceto do Partido Socialista, que tem a proposta do
Governo, e quando é que entrou o projeto de lei do PSD? Na segunda-feira passada, ao final do dia, depois da
hora agendada pela Conferência de Líderes, e apenas por boa vontade das bancadas é que é hoje discutido.
Na 25.ª hora é que aquela iniciativa tão pensada, tão ponderada foi entregue para debate.
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Bem lembrado!
O Sr. Moisés Ferreira (BE): — Afinal, podia ser só um requerimento!
A Sr.ª Inês Domingos (PSD): — Isto é extraordinário!
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Mas veja-se o que aconteceu durante o debate de hoje. O tempo ia
passando, os argumentos iam sendo esgrimidos e o PSD ia esquartejando o seu projeto de lei. Ele começou de
uma forma, mas acabou uma parte do que tinha começado. Mais tempo houvesse, menos artigos teria, e apenas
o título sobraria para dizerem: «levem o nosso projeto a votação, deixem-no passar, deixem-nos ficar numa
fotografia». Uma fotografia que não é a vossa, Srs. Deputados, não é a vossa fotografia.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Inês Domingos (PSD): — Não é verdade!
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Nunca estiveram do lado da transparência no sistema bancário, nunca,
e por isso não vão ser emplastros na fotografia do dia de hoje.
A Sr.ª Inês Domingos (PSD): — Foi tudo uma encenação?!
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Da nossa parte, não aceitamos esse aproveitamento político, Srs.
Deputados.
Tentaram branquear outras coisas, aqui. Se calhar ainda com o espírito do branqueamento de capital que
existiu no Regime Excecional de Regularização Tributária (RERT III) do Governo PSD e CDS.
Quando o Sr. Deputado Leitão Amaro aqui dizia que nenhum líder do seu partido tinha dado a mão a Ricardo
Salgado, até poderia ter dito, na frase seguinte, que, se houve um RERT, se alguém regularizou capitais que
fugiram do nosso País — sabe-se lá para quê, mas com a certeza de que foi para fugir ao fisco — foi Paulo
Portas, foi o CDS, foi Paulo Núncio, que não tiveram nada a ver com isso. Apenas por acaso estavam no mesmo
Governo.
Mas, Sr. Deputado, não o disse e, porque não o disse, então, posso dizer com toda a certeza: quem consentiu
toda a lavagem de dinheiro que foi permitida a Ricardo Salgado e ao seu «esquema Monte Branco» foi o RERT