12 DE DEZEMBRO DE 2018
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Sr.as e Srs. Deputados, passamos ao primeiro ponto da ordem do dia, que consta do debate quinzenal com
o Primeiro-Ministro, ao abrigo da alínea b) do n.º 2 do artigo 224.º do Regimento.
Na ordem de intervenções, o primeiro grupo parlamentar a formular perguntas é o CDS-PP.
Tem a palavra a Sr.ª Deputada Assunção Cristas.
A Sr.ª Assunção Cristas (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, depois de aprovado o último
Orçamento do Estado e de conferirmos a realidade deste final de ano com o discurso do Governo, podemos
dizer com propriedade que o Primeiro-Ministro é um contador de estórias. Vamos ver ponto por ponto.
É a estória da equidade e da igualdade, quando quem pode vai a outro sítio e quem não pode vê cirurgias
adiadas no SNS (Serviço Nacional de Saúde), incluindo algumas situações oncológicas e pediátricas.
É a estória da paixão pelos serviços públicos, quando na realidade nunca estiveram tão mal, com verbas
anunciadas e sistematicamente cativadas, e há notícias que diariamente, mas diariamente, nos envergonham,
como a de hoje sobre polícias que têm de dormir no carro.
É a estória da prioridade ao investimento público, quando, na verdade, fez o maior corte de sempre no
investimento. Temos, hoje, um País preso por arames — basta ver o caos no barco, no Seixal, esta manhã.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Muito bem!
A Sr.ª Assunção Cristas (CDS-PP): — É a estória de ter virado a página à austeridade, quando temos a
maior carga fiscal de sempre.
É a estória da paz social, quando, na verdade, temos hoje tantas ou mais greves do que no tempo da troica
e mais 47 anúncios de greve até ao fim do ano.
É a estória da equidade e da igualdade, quando, na realidade, está a criar um País mais desigual, com
salários mínimos mais altos para a função pública do que para o setor privado.
É a estória da neutralidade fiscal do adicional do imposto sobre os combustíveis, quando, na verdade, o
gasóleo e a gasolina estão hoje muito mais caros para todos do que estavam há um ano.
É a estória da boa execução dos fundos comunitários, quando, na realidade, a execução está bem abaixo
do que aconteceu no mesmo período no quadro comunitário anterior.
Sr. Primeiro-Ministro, o seu Governo é o Governo dos impostos máximos e dos serviços públicos mínimos.
Aplausos do CDS-PP.
E a sua estória do fim da austeridade não bate certo com a contestação crescente nas ruas. Se está tudo
bem, por que razão tantos e tantos se queixam? De repente, serão todos insensatos? Dos professores aos
médicos, dos guardas prisionais aos enfermeiros, dos polícias até aos juízes, dos investigadores criminais aos
trabalhadores dos transportes, dos técnicos de diagnóstico aos bombeiros.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Muito bem!
A Sr.ª Assunção Cristas (CDS-PP): — O que se passa, Sr. Primeiro-Ministro, é que as expetativas criadas
por si quando afirmou repetidamente — e volto a dizer, repetidamente — que tinha acabado a austeridade,
essas expectativas estão hoje goradas. Todos se sentem enganados por si, pelo seu Governo. E porquê? Sr.
Primeiro-Ministro, porque a todos prometeu aquilo que, porventura, nunca pensou cumprir!
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
A Sr.ª Assunção Cristas (CDS-PP): — O CDS denunciou tudo isto desde a primeira hora, com uma oposição
muito firme, mas hoje é particularmente claro que a sua estratégia arriscada de querer enganar todos durante
todo o tempo passou o prazo de validade.
Sr. Primeiro-Ministro, ao contrário do senhor, que vê e vive dentro de um filme, um filme fechado no seu País
onde tudo vai bem, eu ando permanentemente, e desde há muito tempo, em contacto com o nosso País real. E