13 DE DEZEMBRO DE 2018
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Sr. Ministro, quando V. Ex.ª vem falar da herança que teve do Governo passado, lembro-o que se a vontade
de VV. Ex.as fosse cumprida, hoje não tínhamos ferrovia em Portugal!
O Sr. Emídio Guerreiro (PSD): — Ora bem!
O Sr. Luís Leite Ramos (PSD): — Se a vossa vontade fosse cumprida, hoje o País continuaria na bancarrota
e sob a intervenção da troica.
Aplausos do PSD
Sr. Ministro, é bom que o senhor tenha um pouco de memória!
O Sr. Ministro tem-nos habituado a uma postura de ignorar totalmente a realidade. A degradação e o caos
que há nos transportes ferroviários e na circulação de comboios são, por parte do Sr. Ministro, uma negação
completa!
Vale a pena passar os olhos por alguns jornais. Não sei se o Sr. Ministro lê jornais, mas é bom que o senhor
fique com algumas notícias na lembrança.
O Sr. Ministro anunciou, em agosto deste ano, que o Governo ia comprar comboios novos e pedir comboios
emprestados a Espanha. Foi uma promessa formal feita pelo Sr. Ministro. O que vemos, diariamente, é o
encerramento, a supressão, o adiamento e o atraso de inúmeros comboios, mas o Sr. Ministro continua a negar
essa realidade. Queremos saber, de uma forma muito simples, se será desta vez que o Sr. Ministro nos vem
dizer quando é que esses comboios vão chegar. Quando é que os comboios que foram pedidos a Espanha,
com promessa formal por parte do Governo e de V. Ex.ª, vão estar operacionais? Quando é que a CP e os
portugueses poderão contar com a normalidade em matéria de circulação de comboios?
O Sr. Ministro, por vezes, esquece-se que é Ministro, e acha que é a voz off de um mega spot eleitoral de
um Governo de faz-de-conta. Um Ministro serve para resolver problemas, para enfrentar a realidade e, de uma
vez por todas, para poder resolver os problemas dos portugueses. É isso que esperamos da sua parte, é isso
que esperamos que o Governo e o senhor resolvam! O senhor tem de trabalhar e de decidir já!
Aplausos do PSD
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem a palavra, para um último pedido de esclarecimento nesta
segunda ronda, a Sr.ª Deputada Joana Mortágua, do Bloco de Esquerda.
A Sr.ª Joana Mortágua (BE): — Sr. Presidente, Sr. Ministro, nós hoje estivemos no Seixal, onde pudemos
dar conta de que a travessia continua a ser feita apenas com um navio, o que leva à supressão de várias viagens
para Lisboa, prejudicando a vida de tanta gente que precisa dos barcos para passar da margem sul para a
margem norte.
No entanto, hoje não houve a confusão que houve ontem e a razão pela qual isso aconteceu prende-se com
o facto de as pessoas estarem a desistir de prever aquele transporte público e de estarem a encontrar
alternativas à utilização dos barcos da Transtejo e da Soflusa. Isto é preocupante, porque o Sr. Ministro e o
Governo anunciaram, como uma conquista, um passe único para que toda a gente se possa mover dentro da
Área Metropolitana de Lisboa, mas este é um bom exemplo de como sem investimento público na qualidade e
na frequência dos transportes o passe de pouco serve. As pessoas podem ter um passe na mão, como têm
aquelas pessoas que estavam hoje no Seixal, mas ficam a ver navios, porque o barco não aparece para poderem
passar para o outro lado.
Nós não consideramos que haja um mistério sobre como chegámos a esta solução. Sabemos que há falta
de navios, que há um desinvestimento crónico, uma espécie de cobertor curto que, quando tapa os pés, destapa
a cabeça: constantemente, é preciso tirar navios do Montijo para pôr em Almada, tirar do Seixal para pôr no
Montijo, tirar do Montijo para pôr no Seixal. Tal faz com que haja, permanentemente, uma população que é
prejudicada no seu direito à mobilidade.