I SÉRIE — NÚMERO 29
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Há uma redução drástica da reparação e manutenção das infraestruturas rodoviárias, seja pelo Estado, com
a perda de capacidade técnica e operacional do mesmo, devido ao progressivo desmantelamento das áreas de
projeto, execução e fiscalização, seja pelos contratos de concessão que não são cumpridos, não sendo
realizados os investimentos necessários, tudo para que os grupos privados possam obter um maior lucro. A
segurança e a manutenção das vias rodoviárias foram secundarizadas, deixando de ser uma prioridade e
passando a ser um custo.
Acresce a isto o facto de o Governo querer transferir para as autarquias a gestão e a manutenção de estradas
nacionais que estão degradadas sem os respetivos meios.
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Ah, não me diga! É de agora?!
A Sr.ª Paula Santos (PCP): — O Governo sacode a responsabilidade para outros, transferindo para as
autarquias encargos e problemas não resolvidos.
O recente acontecimento em Borba exige prudência, mas evidencia também que a transferência das estradas
para as autarquias não é a solução, servindo, tão-somente, para que o Governo se desresponsabilize de uma
competência sua, de salvaguarda da segurança das populações.
Sr. Ministro, se, de facto, este Governo quer resolver problemas e quer proteger as populações, então não
se descarte das suas responsabilidades: reverta as PPP (parcerias público-privadas) e reforce o investimento e
a capacidade do Estado para que dê a resposta que necessária exatamente para salvaguardar as populações.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem a palavra, também para pedir esclarecimentos, o Sr.
Deputado Fernando Barbosa.
O Sr. Fernando Manuel Barbosa (BE): — Sr. Presidente, Sr. Ministro, os trabalhadores maquinistas da
Metro do Porto encontram-se em luta. Esta luta visa a negociação coletiva, um acordo em que os trabalhadores
vejam melhoradas as suas condições de trabalho e reduzida ou compensada a penosidade no desempenho
desse mesmo trabalho.
É preocupação dos trabalhadores terem condições para continuarem a prestar um serviço de excelência em
termos de horários e, principalmente, em segurança. Por essa razão, exigem a baixa da carga horária,
atenuando, assim, a penosidade do seu trabalho, bem como uma melhoria nas condições do material circulante
e melhoria nas infraestruturas. O Bloco acompanha esta luta e está solidário com quem não desiste de lutar.
O Estado é detentor de 40% do capital acionista da Metro do Porto, por isso, o Governo tem um papel
fundamental na definição do modelo de transporte público, nomeadamente no que respeita à quase
obrigatoriedade de a exploração ser efetuada por uma empresa privada ou, diretamente, pelo Estado.
Sabendo o Sr. Ministro das reivindicações dos trabalhadores, ainda antes da elaboração do caderno de
encargos para o processo de subconcessão, é sua obrigação não esquecer a salvaguarda dos seus direitos.
Essa garantia depende de si, como Ministro que tutela o setor e, acima de tudo, como responsável pela forma
como o próprio processo de subconcessão foi conduzido.
Chegados aqui, importa saber se o Governo vai intervir, obrigando a empresa subconcessionária a dar
resposta às reivindicações dos trabalhadores. Que tem o Governo a dizer aos trabalhadores da Metro do Porto?
Reconhece que são justas as reivindicações destes trabalhadores?
Para o Bloco de Esquerda, a solução passa, estruturalmente, por reverter a subconcessão e passar para as
mãos do Estado um serviço essencial como o dos transportes.
O Governo acompanha a posição do Bloco sobre o fim da subconcessão ou continua a manter-se inflexível
na entrega de serviços públicos de transportes a privados?
O resultado tem sido mau para todos, mau para os passageiros, mau para os trabalhadores, que agora são
chamados a pagar a fatura, quando se quer vencer o concurso de subconcessão a qualquer preço.
Aplausos do BE.