21 DE DEZEMBRO DE 2018
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Todo o processo deve basear-se no respeito pela dignidade humana, sem qualquer tipo de discriminação.
Por isso, discutimos hoje um projeto de lei para reforçar os direitos das mulheres nesta matéria, já depois de o
termos recomendado ao Governo numa resolução que foi aprovada aqui em 2017, entre tantas outras iniciativas
relacionadas com direitos na parentalidade.
Para o PAN a vontade da grávida deve ser sempre respeitada, salvo, evidentemente, em situações clínicas
inesperadas que o inviabilizem.
Assim, e no seguimento das indicações da OMS (Organização Mundial de Saúde), propomos o seguinte: que
o pai, a segunda mãe ou outra pessoa de referência possa participar na assistência clínica da gravidez, caso
seja essa a vontade da grávida; que, para além desta pessoa, a grávida tenha o direito ao acompanhamento
por uma terceira pessoa por si escolhida; que seja criado um questionário de satisfação às mulheres e aos
profissionais de saúde; que sejam implementados cursos de preparação para o parto e para a parentalidade; e
que sejam garantidos e colocados efetivamente em prática planos de parto com as preferências da grávida para
todo o processo.
Sr.as e Srs. Deputados, medidas que promovam o respeito pelos direitos humanos continuam a ser uma
prioridade a nível nacional e internacional e tudo começa na forma como nascemos.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Tem a palavra o Sr. Deputado Moisés Ferreira, para uma intervenção,
pelo Bloco de Esquerda.
O Sr. Moisés Ferreira (BE): — Sr.ª Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: A democracia alcançada com o 25
de Abril trouxe, efetivamente, ganhos indesmentíveis em várias áreas para o País e duas delas estão aqui, neste
momento, em discussão com estes projetos: saúde e direitos humanos.
Falamos de ganhos e de indicadores de saúde materno-infantil — já aqui foi referida a quebra brutal e muito
positiva de mortalidade tanto das mães como das crianças —, mas falamos também do reconhecimento e
operacionalização dos direitos reprodutivos e dos direitos sexuais. É um caminho que nos orgulha enquanto
País e é um caminho que temos obrigação de aprofundar dia a dia. Ora, é isso que devemos fazer e creio que
é isso que estamos a discutir — e bem! — com este agendamento e com estas propostas para agendamento.
Aprofundar cuidados de saúde, aprofundar a humanização do Serviço Nacional de Saúde, aprofundar direitos
que nos dão informação da participação e do acompanhamento no parto, por exemplo, é essencial fazer e
continuar este caminho.
Por isso, da parte do Bloco de Esquerda, acompanhamos vários dos objetivos que subsistem e que estão
por trás dos projetos que estão em discussão.
O reforço do planeamento e informação, o reforço dos cuidados pré-natais, o reforço do direito ao
acompanhamento na gravidez, a criação de um plano de nascimento, que é uma boa proposta, o reforço do
respeito pela vontade da grávida, o reforço do direito de acompanhamento durante o parto, o reforço do contacto
e proximidade com os cuidados de saúde em todas as fases, inclusivamente no puerpério, planos de
recuperação pós-parto e o reconhecimento do direito à amamentação são, todos eles, objetivos que
reconhecemos a sua validade e acompanhá-los-emos.
Por isso, apoiaremos e acompanharemos todos os projetos que apontem nesse sentido.
Deixamos, no entanto, uma questão que esperamos vir a discutir na especialidade, mas não podemos deixar
de a colocar agora: o projeto de lei que é proposto pelo Partido Socialista tem uma norma revogatória que anula
vários artigos da lei consolidante que faz referência aos direitos e deveres dos utentes do Serviço Nacional de
Saúde. Parece-nos que seria importante deixar nesta lei consolidante, pelo menos, uma referência aos direitos
que se consagram no projeto de lei do Partido Socialista e fazer com que a lei consolidante que já existe
comunique com uma nova lei que venha a ser criada.
É, como disse, algo que achamos que devemos discutir na especialidade, mas que não poderíamos deixar
de assinalar agora.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Tem agora a palavra, pelo PCP, a Sr.ª Deputada Carla Cruz.