I SÉRIE — NÚMERO 41
10
O PAN apresentou já dois projetos de resolução, que foram rejeitados, que visavam reforçar o
acompanhamento psicológico dos militares da GNR e dos polícias.
Esperemos que hoje se possa dar um passo importante, garantindo que estes profissionais exerçam funções
em condições que salvaguardam a sua saúde e segurança.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Passamos ao debate destas iniciativas legislativas.
Antes de dar a palavra, para uma intervenção, à Sr.ª Deputada Vânia Dias da Silva, do CDS-PP, peço aos
grupos parlamentares o favor de se inscreverem.
Tem a palavra, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Vânia Dias da Silva (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as Deputadas e Srs. Deputados: As condições
de saúde e de segurança no trabalho das forças e serviços de segurança é um tema em que o PCP insiste pela
segunda vez nesta Legislatura, e com razão, pelo menos, no objetivo.
As condições de saúde e de segurança no trabalho das forças e serviços de segurança são muitíssimo
deficitárias, não temos dúvida a este respeito. Há esquadras onde chove como na rua; há banhos de água fria
que os polícias são obrigados a tomar porque as caldeiras estão avariadas; há carros que quase só têm volante
e rodas, e pouco mais. Todos conhecemos esta desgraça permanente que existe nas forças e serviços de
segurança, e eu estaria aqui a manhã inteira a desfiar o rosário das desgraças que todos conhecemos, mas
que, infelizmente, tardam em resolver-se.
Mas, mais grave do que isso, acresce a dramática taxa de suicídios. Todos sabemos que nesta profissão a
taxa de suicídios é mais elevada do que em qualquer outra profissão. É uma realidade que o CDS não se tem
cansado de denunciar e ativamente tentar contrariar, defendendo mais e melhores meios para as forças e
serviços de segurança. Por isso mesmo, o PCP tem, efetivamente, razão no objetivo. Contudo, na opinião do
CDS, como também já dissemos há dois anos, tem bastante menos razão na forma de o alcançar.
Também como dissemos há dois anos, não deixaremos de viabilizar esta iniciativa, porque nos parece
importante começarmos a «partir pedra» e discuti-la a sério, mas mantemos as reservas que há dois anos
deixámos e que, durante a discussão na especialidade, devem ser devidamente escalpelizadas.
Desde logo, temos a questão da falta de discussão alargada com a falta de auscultação das forças e serviços
de segurança. Sabemos que houve uma audição pública a respeito da taxa de suicídios, mas quanto ao resto,
quanto a questões técnicas elas não foram tratadas com as forças e serviços de segurança e esta é uma matéria
muito técnica que necessita de ponderação. Aliás, não é à toa que a discussão sobre esta matéria se tem vindo
a fazer desde há vários anos e ainda não foi implementada precisamente pelas dificuldades em que se incorre.
Há regras muito rígidas no vosso projeto de lei porque se trata de uma estrutura altamente hierarquizada e
por isso mesmo traz dificuldades, pelo que é preciso que estudemos formas de flexibilizar e adaptar à realidade
desta profissão, que é bem diferente da de outras profissões.
As condições de segurança e de saúde nas forças e serviços de segurança têm especificidades técnicas
muito diferentes das outras profissões, inclusivamente dentro das próprias forças e serviços de segurança. O
Sr. Deputado sabe tão bem como eu que cada força e serviço de segurança tem diferentes formas de
organização, diferentes formas de funcionamento, diferentes contextos de atuação e o que se adapta facilmente
a uns não se adapta a outros. Portanto, esta generalização pode trazer complicações, e isso tem de ser
devidamente acautelado.
Além disso, Sr.as Deputadas e Srs. Deputados, há o problema das redundâncias das várias normas, que
repetem já o regime geral consagrado e, portanto, é preciso não introduzir mais entropias e confusões que, ao
invés de ajudar, podem prejudicar. Estamos disponíveis para verificar esta questão em sede de especialidade.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Atenção ao tempo, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Vânia Dias da Silva (CDS-PP): — Terminarei, Sr. Presidente.
Mas não menos importante é o impacto financeiro e os custos que estas medidas têm. Sabemos que os
custos não podem ser ignorados, não só pela exequibilidade ou falta de exequibilidade desta execução, mas
também porque estamos a meio de um exercício orçamental e há, claramente, a chamada «norma travão», que
não permite que se faça agora esta discussão sem que se acautelem os custos.