I SÉRIE — NÚMERO 41
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De facto, são o PSD e o CDS que, com a sua abstenção, inviabilizam uma iniciativa que é justa e é
necessária, no nosso País.
Aplausos do PCP.
Protestos do Deputado do CDS-PP Nuno Magalhães.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Está, assim, concluída a discussão conjunta, na generalidade, dos
Projetos de Lei n.os 963/XIII/3.ª (PCP) e 1063/XIII/4.ª (PAN).
Passamos ao debate, na generalidade, dos Projetos de Lei n.os 935/XIII/3.ª (Os Verdes) — Desincentiva a
utilização de microplásticos em produtos de uso corrente, como cosméticos e produtos de higiene, de modo a
salvaguardar os ecossistemas e a saúde pública, e 751/XIII/3.ª (PAN) — Determina a proibição de produção e
comercialização de detergentes e cosméticos que contenham microplásticos, juntamente com o Projeto de
Resolução n.º 1883/XIII/4.ª (PAN) — Recomenda ao Governo que elabore um estudo científico que afira os
impactos dos microplásticos no ambiente, na cadeia alimentar e na saúde humana, e com, também na
generalidade, os Projetos de Lei n.os 1060/XIII/4.ª (BE) — Interdita a comercialização e importação de cosméticos
e produtos de higiene que contêm microplásticos e regula a sua presença nos demais produtos, e 1061/XIII/4.ª
(CDS-PP) — Implementa um programa de redução da utilização de microplásticos em cosméticos e produtos
de higiene e limpeza.
Para apresentar a iniciativa de Os Verdes, tem a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr. Presidente, Sr.as Deputadas e Srs. Deputados: Os Verdes já
têm trazido à Assembleia da República diversas iniciativas legislativas a propósito de um imperativo que se
impõe, que é a redução de resíduos. Dentro da nossa estratégia, digamos, de propostas para a redução de
resíduos, temos trazido aqui várias propostas para a redução de embalagens e também para a redução do uso
do plástico.
Digamos, Sr.as Deputadas e Srs. Deputados, que o projeto de lei que Os Verdes hoje aqui apresentam
integra-se justamente neste pacote, digamos, de redução de resíduos e da perigosidade, designadamente, de
muitos resíduos para o meio ambiente.
Neste sentido, Os Verdes apresentam agora um projeto de lei que desincentiva a utilização de microplásticos
em produtos de uso corrente, como cosméticos e produtos de higiene, de modo a salvaguardar os ecossistemas
e a saúde pública.
Mas, Sr.as Deputadas e Srs. Deputados, há, nesta Casa, alguns partidos que têm tendência para,
relativamente a tudo aquilo que tem a ver com resíduos, pôr o consumidor ou o contribuinte a pagar mais. Ora,
é tempo de, de uma vez por todas, pormos também o mercado a dar um contributo e a responder àqueles que
são os objetivos para melhores padrões ambientais. Acho que as Sr.as Deputadas e os Srs. Deputados têm de
se consciencializar que o mercado, que a oferta que é feita ao consumidor não pode ficar de fora.
Ora, relativamente a esta matéria, muitos produtos de higiene e cosméticos, como, por exemplo, os
esfoliantes, as máscaras ou as bases, contêm microplásticos e, depois da sua utilização, quando as pessoas
vão retirá-los e deitá-los pela canalização abaixo, aquelas micropartículas, na ETAR, não são retidas e não são
dissolvidas em água. E o que acontece é que são lançadas diretamente para meio livre. Aí, surge aquela célebre
preocupação, de todos nós já conhecida, de os nossos mares estarem carregados de micropartículas plásticas
e de outras que não são propriamente micropartículas mas que inundam os nossos mares e de haver estudos
que já nos ditam que se até 2050 não se fizer rigorosamente nada e se mantivermos este ritmo teremos mais
plástico do que peixe nos nossos mares. Ora, isto é profundamente preocupante.
Além disso, estas micropartículas entram muito rapidamente, como é fácil de compreender, na cadeia
alimentar. É que muitas espécies em meio marinho acabam por ingerir estas micropartículas e isto, depois,
acaba também por acarretar consequências diretas para a saúde humana por via da cadeia alimentar. Portanto,
estão aqui em causa várias preocupações que devem ser atendidas.
Nesse sentido, aquilo que Os Verdes vêm propor à Assembleia da República é que se crie um programa
para a erradicação de microplásticos em produtos, como os cosméticos e produtos de higiene, até ao ano de
2020.