19 DE JANEIRO DE 2019
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Importa também referir que, até 2020, a União Europeia disponibilizará 100 milhões de euros para ações de
investigação em domínios como o do desenvolvimento de materiais plásticos mais inteligentes e recicláveis,
processos de reciclagem mais eficazes e remoção de substâncias perigosas e poluentes dos plásticos
reciclados.
Em síntese, o Governo está a trabalhar no assunto, sem perder de vista, muito pelo contrário, a estratégia
europeia, e nós, Grupo Parlamentar do PS, consideramos adequada esta opção, ou seja, a estratégia que está
em curso.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Ângela Moreira, do PCP, para uma
intervenção.
A Sr.ª Ângela Moreira (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: A discussão sobre resíduos de plástico,
mais propriamente microplásticos, é pertinente e a preocupação em torno desta matéria é justificada,
considerando a dificuldade de eliminação e biodegradação destes produtos e o impacto que estes resíduos têm
na saúde humana e nos ecossistemas.
O PCP está sempre disponível para discutir soluções que visem minimizar e alterar padrões de consumo,
numa lógica que promova, efetivamente, uma política que nos pareça ambientalmente correta e nunca numa
lógica de pagar para poluir nem de penalizar o consumidor.
Quero apenas lembrar que, na hierarquia de gestão de resíduos, devemos incentivar à reciclagem dos
resíduos, mas também ter em conta que, antes da reciclagem, vêm a redução e a reutilização.
É por isso que o PCP insiste na necessidade de políticas que visem diminuir a produção, optando por uma
produção mais sustentável, com produtos mais degradáveis ou mais facilmente recicláveis, num aumento do
potencial de reciclagem, eliminando produtos com microplásticos e oxodegradáveis, e, em simultâneo, na
promoção de uma recolha ativa de plástico no ambiente.
O que o PCP defende, Srs. Deputados, é que, ao invés de políticas que castigam os consumidores, se legisle
no sentido de promover inovação na produção, a par de uma abordagem normativa por oposição à abordagem
de mercado. Como é óbvio, concordamos que este é um problema que tem de ter uma discussão e uma reflexão
mais aprofundadas e de acordo com a realidade.
Quanto às propostas hoje em debate, o PCP acompanha grande parte dos pontos apresentados, mas há
outros que nos suscitam dúvidas.
Todas as propostas são direcionadas para a utilização de microplásticos, mas incidem essencialmente num
tipo de produtos, quando o problema, quanto ao PCP, é muito mais abrangente.
Acompanhamos as iniciativas que têm como objetivo desincentivar a utilização e a comercialização de
microplásticos, no entanto elas apenas dão enfoque aos cosméticos e produtos de higiene, o que nos parece
redutor.
Também nos parecem positivas as propostas que vão no sentido da informação e da sensibilização do
consumidor sem que este seja penalizado, atribuindo ao Governo a responsabilidade de criar um programa para
a erradicação deste produto.
A proposta de utilização de um selo identificativo da não presença de microplásticos nas embalagens de
produtos de higiene e cosméticos comercializados em território nacional tem a nossa anuência.
Vemos, no entanto, com alguma apreensão as propostas que incidem na interdição de produtos de higiene
que contenham microplásticos e que, em simultâneo, obrigam a identificar os produtos com este material, o que
nos parece uma incoerência, uma vez que sabemos que todos os produtos de plástico podem originar
microplásticos.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Muito bem!