I SÉRIE — NÚMERO 42
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Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, para uma intervenção, pelo Grupo Parlamentar do PS, a Sr.ª Deputada
Jamila Madeira.
A Sr.ª Jamila Madeira (PS): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados: O debate
de hoje, sobre a Lei de Bases da Saúde, enaltece e honra a visão humanista e a memória de António Arnaut.
Para o PS, para os verdadeiros defensores do SNS, as pessoas, os utentes estão no centro das nossas
preocupações, mas sabemos, sabemos sempre, que não se consegue fazer tudo ao mesmo tempo e que
recuperar e reconstruir demora muito mais tempo do que destruir.
Esta proposta de lei do Governo acentua a valorização e a modernização do SNS, mantendo o seu caráter
universal, público e tendencialmente gratuito. Estamos, por isso, com estas linhas, o PS e o Governo, disponíveis
para melhorar, sabendo de antemão que, na especialidade, com o apoio de todos os reais defensores do SNS,
podemos sempre fazer melhor, mas importa sublinhar que não estamos disponíveis nem para privatizar a saúde
nem para estatizar a saúde. Queremos, por isso, fazer o equilíbrio, um equilíbrio virtuoso.
A universalidade da saúde é competência e responsabilidade do Estado, responsabilidade, essa, de que o
PS não abdica.
Naturalmente, não nos opomos à coexistência de respostas complementares ao nível social e privado. Esta
lei de bases deve clarificar muito bem essa diferenciação. A similitude com o ensino é um caminho que muito
nos apraz, assegurando, também, que essa seja uma solução estável e duradoura.
Esta proposta de lei não é um projeto de índole ideológica ou de esquerda, é, naturalmente, uma proposta
que tem a filosofia política presente no artigo 64.º da Constituição da República Portuguesa, que também é a do
PS e de todos os portugueses de boa vontade, e é isso que queremos hoje, aqui, fazer cumprir.
Aplausos do PS.
Cabe-me, por isso, reiterar aquilo que António Arnaut disse nesta Câmara, durante o debate de 1979, ao
PSD e ao CDS, que revelam hoje, como à época, «dificuldade em defender os seus projetos, que não têm
possibilidade de defesa. Debruçaram-se mais sobre o projeto do PS…» — neste caso, sobre a proposta de lei
— «… do que sobre a defesa do seu próprio projeto».
Não é demais lembrar que o PSD, que gosta de se colocar, perante os portugueses — e ainda hoje o fez —
, como grande defensor do SNS, não apoiou a sua criação.
O Sr. José Manuel Pureza (BE): — Muito bem! Bem lembrado!
A Sr.ª Jamila Madeira (PS): — E mais: diabolizou-a, de forma vil, pela voz do, então, Ministro da Saúde,
Arlindo Carvalho, em 1990.
Como dizia, o PSD e o CDS apresentaram-se com vergonha dos seus projetos, uma vez que não os
expuseram, e focaram-se na crítica puramente negativa à proposta de lei.
A Sr.ª Assunção Cristas (CDS-PP): — Não ouviu bem!
A Sr.ª Jamila Madeira (PS): — De facto, sabemos quais são os seus reais intentos, que mais não são do
que assegurar o financiamento da medicina privada por dinheiros públicos. Enfim, mais uma vez, «lobo vestido
de cordeiro».
Ao PCP, assinalo os seus contributos e, sim, temos uma visão convergente.
Vozes do PSD: — Ah!
A Sr.ª Jamila Madeira (PS): — Podemos e devemos, obviamente, estar abertos a melhoria e
aprofundamento, em nome de um SNS mais forte.