24 DE JANEIRO DE 2019
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Quando nos disserem que falta capacidade de internamento no SNS, lembremos que a lei do PSD e do CDS
diz que o Estado deve apoiar o privado, reservando-lhe uma quota de camas.
Quando nos disserem que faltam recursos, lembremos que a lei do PSD e do CDS, ao querer promover o
privado a toda a força, drenou os recursos públicos e, por isso, 4 € em cada 10 € não fica no SNS. Isso, sim, é
insustentável!
Protestos da Deputada do CDS-PP Cecília Meireles.
É uma lei infame, mas que, felizmente, tem os dias contados.
PSD e CDS trazem a debate projetos que são apenas mais do mesmo. Realmente, há coisas que não
mudam!
Quando a direita fala de saúde pensa demais em clientelas e acionistas e de menos em utentes e cidadãos.
São propostas que não servem aos utentes nem ao País.
Dizia o Sr. Deputado Ricardo Baptista Leite que não quer uma lei da foice e do martelo. Nós sabemos! PSD
e CDS querem é uma lei da Luz Saúde e do Grupo Mello, e é isso que está a destruir o País e o Serviço Nacional
de Saúde.
Aplausos do BE.
Temos de discutir as formas de reforçar o Serviço Nacional de Saúde. Isto faz-se com a separação clara
entre o setor público e o privado, pondo fim à sangria de recursos; faz-se com a gestão integralmente pública
de todas as unidades do SNS; faz-se deixando claro que a relação do setor privado com o público é de
complementaridade e existirá apenas enquanto o SNS não adquirir a resposta em falta.
O futuro do Serviço Nacional de Saúde passa pelo restabelecimento das carreiras, para fixar mais
profissionais, e pela promoção da exclusividade, passa por um sistema que não permita copagamentos
mascarados de taxas moderadoras.
O Sr. José Manuel Pureza (BE): — Muito bem!
O Sr. Moisés Ferreira (BE): — E é neste aspeto que o PS e o Governo têm de ser claros.
A gestão do SNS deve ser integralmente pública, sem frinchas nem alçapões para novas PPP (parcerias
público-privadas). Está o Governo disponível para garantir este princípio?
A relação entre o setor público e o privado deve ser de complementaridade, sendo os privados suplementares
à ação do público. Está o Governo disponível para clarificar a relação entre setores?
As taxas moderadoras não podem ser uma barreira nem servir de copagamentos. Estão o Governo e o PS
disponíveis para alterar este aspeto?
É preciso recuperar as carreiras que foram destruídas, garantir o vínculo como funcionário público e a
dedicação plena e exclusiva. Estão o Governo e o PS disponíveis para robustecer estes aspetos?
A Sr.ª Maria Antónia de Almeida Santos (PS): — Claro!
O Sr. Moisés Ferreira (BE): — Num momento em que discutimos o futuro do SNS, exige-se clareza nos
aspetos que são fundamentais, e é por isso que, com clareza, o Bloco de Esquerda diz o seguinte: se houver
disponibilidade para a negociação e a convergência nestes aspetos, não faltará futuro ao Serviço Nacional de
Saúde. Se houver disponibilidade e convergência nestes aspetos, não faltaremos a esta exigência, a de construir
uma nova lei de bases que reforce o SNS, que reforce os direitos dos utentes, que faça o País mais justo.
O Sr. Presidente: — Já ultrapassou o tempo de que dispunha, Sr. Deputado.
O Sr. Moisés Ferreira (BE): — Termino, Sr. Presidente.
Uma lei de bases que faça, novamente, da saúde um direito, não um privilégio e muito menos um negócio.