I SÉRIE — NÚMERO 42
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segurança e proteção civil, no respeito pelos imperativos constitucionais, quer fora de Portugal, junto da nossa
diáspora ou em outros contextos de emergência humanitária.
Este terceiro objetivo inclui um desafio partilhado por todas as instâncias do Estado, que é o da promoção
da coesão territorial nacional. Posso citar, a esse respeito, os navios-patrulha oceânicos, o navio polivalente
logístico e a aviação estratégica e tática.
Por fim, quero sublinhar que o quarto objetivo a que esta proposta de Lei de Programação Militar procura dar
resposta é o de impulsionar a competitividade da indústria nacional.
Através do investimento na inovação, na investigação e no desenvolvimento e através da internacionalização,
espera-se um retorno concreto e substancial para a economia nacional. Grande parte do investimento previsto
será feito em Portugal e, por esta via, criaremos postos de trabalho, promoveremos a capacitação de empresas
portuguesas neste setor e reforçaremos a sua capacidade de exportação. Em suma, consolidaremos a nossa
base tecnológica e industrial de defesa.
Sr.as e Srs. Deputados, estamos perante uma proposta de Lei de Programação Militar adequada às nossas
necessidades, longamente ponderada e estruturada, que procura refletir, de forma cuidada, as necessidades
para os próximos 12 anos.
Esta não é uma proposta de LPM maximalista, é uma proposta de LPM que permite ter um impacto
transformativo nas nossas Forças Armadas e que, ao mesmo tempo, terá efeitos multiplicadores na nossa
economia. Esta proposta resulta de um consenso alargado, nos órgãos e nos mecanismos de defesa nacional,
mas beneficiará de uma aprovação amplamente favorável nesta Câmara e, através do vosso voto, da aprovação
de toda a sociedade portuguesa.
As nossas Forças Armadas estão, e continuarão, sempre, a estar, disponíveis para as missões que o País
lhes confiar e irão cumpri-las, com brio e dedicação plena. Cumpre-nos, a nós, criar as condições para que
essas missões sejam bem-sucedidas e prestigiem Portugal.
Esta é uma proposta de LPM que, a meu ver, cumpre todos estes requisitos, que corresponde aos objetivos
fundamentais de defesa nacional e que diz respeito a todos os portugueses, já que foi pensada para melhor os
servir.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Sr. Ministro da Defesa Nacional, a Mesa regista as inscrições de quatro Srs. Deputados
para pedidos de esclarecimento e foi informada de que o Sr. Ministro responderá em conjunto.
Para o primeiro pedido de esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado João Vasconcelos, do Grupo
Parlamentar do Bloco de Esquerda.
O Sr. João Vasconcelos (BE): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr. Ministro da Defesa Nacional,
com esta proposta de Lei de Programação Militar, pretende o Governo fazer um investimento, em matéria de
defesa, na ordem dos 4740 milhões de euros, com vista ao reequipamento e à modernização das Forças
Armadas. São gastos muito elevados, tendo em conta as prioridades do País.
No conjunto de áreas da esfera militar, com destaque para os navios-patrulha oceânicos, sem dúvida que
terão de ser feitos os investimentos necessários, tendo em conta a desadequação e a antiguidade dos meios
para assegurar as missões de patrulha e fiscalização, vigilância, busca e salvamento.
Porém, na opinião do Bloco de Esquerda, há outros meios que devem ser repensados, considerando os
elevados custos que acarretam para o País, como é o caso, por exemplo, dos aviões KC-390 e do navio
polivalente logístico, que correspondem a investimentos de 827 milhões e mais 300 milhões nos próximos 12
anos.
Os portugueses não vão perceber que se façam gastos desta dimensão neste tipo de meios militares, quando
o Governo tem falhado no investimento público, quando o Governo não tem dado resposta aos serviços sociais
importantes, como, por exemplo, a educação e a saúde.
O Sr. Paulo Neves (PSD): — A culpa é vossa!