I SÉRIE — NÚMERO 42
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O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Também para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Jorge
Gomes, do PS.
O Sr. Jorge Gomes (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr. Ministro da Defesa Nacional, esta é
uma boa proposta de revisão da Lei de Programação Militar e representa um esforço significativo, por parte
deste Governo, de convergência e consensualização.
Esta proposta traduz-se numa visão integrada e coerente da e para a defesa nacional e, na escolha dos
projetos a financiar, obedece a uma estratégia clara e fundamentada, optando por aqueles que permitem um
retorno concreto para a economia nacional e, ao mesmo tempo, proporcionam a construção de uma política de
defesa comum.
Sr. Ministro, Sr.as e Srs. Deputados, esta proposta de lei tem um grau de consenso considerável, mas o
Partido Socialista já aqui disse que este Parlamento não deixa de ter um papel relevante na sua discussão. O
Partido Socialista enaltece a relação deste Ministério da Defesa com este Parlamento; vejamos, por exemplo, a
revisão do Estatuto dos Militares das Forças Armadas, onde se desenvolveu um trabalho notável e se conseguiu
a sua aprovação por unanimidade.
Sr. Ministro, o Partido Socialista reitera a sua total abertura para fazermos desta a melhor lei das Forças
Armadas para o País, entendendo que não é impossível conseguirmos um consenso alargado na sua aprovação.
Está também o Governo aberto à possibilidade de melhorar esta proposta de lei?
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Também para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Marco
António Costa, do PSD.
O Sr. Marco António Costa (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr. Ministro da Defesa
Nacional, em primeiro lugar, em nome do Grupo Parlamentar do PSD, queria manifestar o nosso orgulho nas
Forças Armadas, pelo desempenho que têm tido não só nas missões internacionais mas também nos momentos
de maior urgência e emergência nacional.
Nesse âmbito, o Sr. Ministro falou de dois objetivos que foram levados em consideração na elaboração desta
proposta de Lei de Programação Militar.
O primeiro desses objetivos é referido no preâmbulo, onde se afirma que foi seguida a perspetiva do duplo
uso dos equipamentos a adquirir, perspetiva com a qual, aliás, concordamos, sem qualquer reserva. Ainda no
n.º 4 do artigo 1.º desta proposta, pode ler-se: «Constitui também objetivo da presente lei promover o duplo uso
das capacidades militares, permitindo (…) responder a necessidades no âmbito de missões civis.»
A questão que se coloca, Sr. Ministro, é a de saber se há uma lista de equipamentos classificados como de
duplo uso, sendo, assim, perspetivada a sua aquisição.
A segunda questão é a de saber se o Governo tem noção do valor de investimento a que essa eventual lista
poderá corresponder.
A terceira questão é a de saber se há uma previsão da potencial afetação de tais equipamentos ao dito uso
militar e ao dito uso civil.
A resposta a estas questões permitirá aferir com maior rigor, o que, de facto, constituirá aquisição de
equipamento militar. A resposta a estas questões permitirá aferir para o futuro o que efetivamente é opção militar
e com isso evitar uma descaracterização da Lei de Programação Militar e ainda perceber o real crescimento do
investimento em equipamento militar.
O segundo objetivo que o Sr. Ministro aqui também referiu, e que esta Lei consagra, está inscrito no n.º 5 do
artigo 1.º da mesma, em que é afirmado o princípio de, respeitando as regras em matéria de concorrência,
potenciar o investimento da economia nacional. Ora, o PSD sobre essa matéria está também de acordo. Aliás,
se hoje temos indústria naval a servir a nossa Marinha, muito se deve à ação do Governo PSD com o que fez
pelos Estaleiros Navais de Viana.
A Sr.ª Marisabel Moutela (PS): — Ah!