24 DE JANEIRO DE 2019
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Sr. Presidente, Sr.as Deputadas e Srs. Deputados: Porque o PSD faz da oposição responsável uma prática
e não uma mera proclamação,…
O Sr. Carlos Peixoto (PSD): — Bem lembrado!
O Sr. José de Matos Correia (PSD): — … quero destacar o acerto da formalização normativa, nesta
proposta, de aspetos como a interoperabilidade, a flexibilidade e a adaptabilidade, os procedimentos de
contratação no âmbito de iniciativas multilaterais e bilaterais ou o duplo uso das capacidades militares, em ordem
a reforçar o apoio das Forças Armadas em missões de cariz civil.
Ao mesmo tempo, porém, não podemos deixar de apontar algumas preocupações que a proposta do
Governo suscita em aspetos centrais.
Antes de mais, a substituição das aeronaves C-130, necessidade que se impõe há vários anos, tendo em
conta a sua importância estratégica, não apenas para as Forças Armadas, mas para o País no seu todo, a opção
pelo projeto do KC-390 iria resolver, em definitivo, a questão.
Eis senão quando, na passada semana, em audição aqui realizada, o Sr. Chefe do Estado-Maior da Força
Aérea deixou, pela primeira vez, a indicação de que Portugal poderia abandonar este programa, face ao aumento
dos encargos. E sublinhou, inclusive, que a Força Aérea estaria já, como é seu dever, a ponderar outras
alternativas.
Assim, e uma vez que o Governo o não fez por sua própria iniciativa, o Grupo Parlamentar do PSD insiste
na necessidade de obter os esclarecimentos que são devidos. Confirma-se que a Embraer está a aumentar o
custo das aeronaves? O que justifica essa atitude? Que outras alternativas estão a ser ponderadas pelo
Governo?
Ao mesmo tempo, é determinante avaliar as implicações que o valor de 827 milhões alocados ao KC-390
poderá trazer para outros programas da Força Aérea, em particular a modernização dos F-16, com o que isso
pode significar em termos da afetação da nossa capacidade de participação em missões internacionais.
No que diz respeito ao Exército, é importante obter esclarecimentos adicionais sobre aspetos como o
adiamento dos investimentos no que toca às capacidades médias, como é o caso da modernização das viaturas
Pandur, as dificuldades que poderão surgir no que respeita ao cumprimento das nossas obrigações em matéria
de segurança cooperativa ou as limitações em termos de desenvolvimento de meios tecnológicos.
Uma nota, ainda, acerca de notícias recentes que deram conta da alteração dos requisitos do concurso de
aquisição da arma ligeira para o Exército e de que estaria a ser equacionada a possibilidade de substituir a G3
por uma arma em uso, apenas, num país da NATO. O que tem o Governo a dizer-nos sobre isto e que impacto
poderá ter essa mudança de orientação num concurso que tem um valor de 42,8 milhões de euros?
Por fim, no que tem que ver com a Marinha, a proposta inscreve verbas para seis novos navios-patrulha
oceânicos, para um novo reabastecedor e para um meio inédito em Portugal, o navio polivalente logístico, opção
que, curiosamente, foi a razão invocada pelo Partido Socialista, em 2015, para se abster na votação da atual
Lei de Programação Militar.
O Sr. Rui Silva (PSD): — Exatamente!
O Sr. José de Matos Correia (PSD): — Se, como esperamos, tais programas passarem pelo reforço da
intervenção da indústria nacional, dentro do respeito, como é óbvio, pelas leis da concorrência, demonstrado
ficará, uma vez mais, que a decisão tomada pelo Executivo anterior de salvar a construção naval em Viana do
Castelo foi a mais acertada, apesar de ter sido tão criticada pelas forças políticas que hoje integram ou que hoje
suportam a atual solução governativa.
O Sr. Rui Silva (PSD): — Bem lembrado!
O Sr. José de Matos Correia (PSD): — Referência especial é devida, contudo, à questão das fragatas.
O Sr. Chefe do Estado-Maior da Armada deu-nos conta, ontem, que a proposta contempla o programa de
aquisição de novas fragatas destinadas a substituir a classe Vasco da Gama.