I SÉRIE — NÚMERO 42
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e o processo legislativo em curso para servir as suas conveniências partidárias de momento degradam a função
legislativa e prestam um mau serviço aos portugueses.
O PSD não vai por esse caminho. Defendemos uma Lei de Bases de Saúde moderna, flexível e centrada no
cidadão. Consagrar os princípios do estatuto do cuidador informal, reconhecer a importância dos cuidados
continuados em fim de vida, isto é, os cuidados paliativos, proteger as pessoas com deficiência, destacar a
importância da saúde mental e da saúde ocupacional são apenas alguns exemplos de direitos e realidades que
não podem nem devem ser ignorados numa lei de bases da saúde.
O Sr. Presidente: — Sr. Deputado, já ultrapassou o seu tempo.
O Sr. Ricardo Baptista Leite (PSD): — Sr. Presidente, vou terminar.
Para nós, PSD, é tempo de acreditar que é possível congregar todos os partidos pluralistas em torno de uma
nova Lei de Bases da Saúde que permita alcançar um máximo denominador político comum.
É tempo de nos unirmos pela saúde dos portugueses.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente: — Inscreveu-se, para pedir esclarecimentos, o Sr. Deputado António Sales, do PS, embora
o Sr. Deputado Ricardo Baptista Leite já não disponha de tempo para a resposta.
Mas tem a palavra, Sr. Deputado António Sales.
O Sr. António Sales (PS): — Sr. Presidente, o Sr. Deputado Ricardo Baptista Leite não deixou tempo para
responder provavelmente pelo grande peso de consciência que tem. Só se justifica assim!
Aplausos do PS.
O Sr. Ricardo Baptista Leite (PSD): — Vocês é que só quiseram que o debate tivesse 1 hora. Estão cheios
de medo!
O Sr. António Sales (PS): — Sr. Deputado Ricardo Baptista Leite, esta lei é demasiado importante para
arrebites ideológicos e picardias partidárias.
Estamos hoje, aqui, porque a Lei de Bases da Saúde em vigor carece de atualização e de clarificação.
Defendemos o consenso, mas não recebemos lições de consensualização de quem aprovou uma lei, em
1990, com o apoio exclusivo do PSD e do CDS e não procurou o consenso alargado, porque tal não era permitido
pela direita parlamentar.
Aplausos do PS.
Uma das razões fundamentais para a oposição do Partido Socialista teve exatamente a ver com o facto de
o PSD e o CDS, em claro afastamento da matriz constitucional, terem imposto como diretriz das políticas de
saúde o apoio ao setor privado e social, em concorrência com o setor público.
A Sr.ª Isabel Alves Moreira (PS): — Muito bem!
O Sr. António Sales (PS): — É este o excesso, para não dizer o pecado original, da Lei n.º 48/90, de 24 de
agosto, que justifica, agora, uma equilibrada correção.
Mas o PSD e o CDS, hoje, como ontem, não conseguiram libertar-se das suas visões políticas de sempre e
continuam fiéis à orientação de equiparar o SNS ao setor privado e ao setor social, advogam a concorrência
entre setores, preveem incentivos à criação de unidades privadas e defendem a privatização da gestão do SNS
através da generalização de parcerias público-privadas.
Srs. Deputados, sabem muito bem que este caminho não serve a orientação constitucional e não serve os
interesses fundamentais dos cidadãos.