I SÉRIE — NÚMERO 43
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O Sr. António Leitão Amaro (PSD): — E quem é o responsável para a exercer? O titular da função acionista,
o Governo, o senhor! Mas o senhor não quer saber!…
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente: — Sr. Deputado, já ultrapassou o tempo de que dispunha.
O Sr. António Leitão Amaro (PSD): — Vou terminar, Sr. Presidente.
O Governo devia querer saber e nós, hoje, sabemos que não quer, porque das duas uma, ou até as duas:
ou só está preocupado com o seu interesse e a sua imagem política ou não quer acionar a responsabilidade
civil dos administradores, por recear que a resposta que deles venha seja…
O Sr. Presidente: — Sr. Deputado, peço-lhe que conclua.
O Sr. António Leitão Amaro (PSD): — Termino, Sr. Presidente.
Este Governo socialista não quer acionar a responsabilidade civil dos administradores, porque receia que
estes respondam que aquilo que fizeram foi por orientação política de outro Governo e que esse Governo era
socialista.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Protestos do PS.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado Paulo Sá, do Grupo Parlamentar
do PCP.
O Sr. Paulo Sá (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Srs. Deputados: Na última década e
meia, os portugueses assistiram incrédulos a uma sucessão de escândalos na banca, todos eles acompanhados
de avultadas faturas para os contribuintes pagarem.
Anos e anos de gestão ao serviço dos grandes interesses privados e, em alguns casos até, de gestão
criminosa, traduziram-se em perdas de milhares de milhões de euros para o erário público. Veja-se, por exemplo,
o caso do BPN, um pequeno banco privado, cujo buraco ultrapassa já os 4000 milhões de euros e não para de
crescer.
A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Tanto como a Caixa!
O Sr. Paulo Sá (PCP): — Ou ainda o caso do BES, que, ao serviço dos interesses de um grupo económico
privado e da família que o controlava, custou aos contribuintes, numa primeira fase, 4900 milhões de euros e
ainda poderá custar mais 3900 milhões de euros.
Perante este descalabro da gestão privada da banca, a Caixa Geral de Depósitos, como banco público, em
vez de dar o exemplo, foi também levada para o turbilhão por sucessivos conselhos de administração nomeados
por Governos do PS, do PSD e CDS.
Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Srs. Deputados: Veio recentemente a público uma versão
preliminar do relatório da auditoria à gestão da Caixa Geral de Depósitos entre 2000 e 2015, tendo a Assembleia
da República, por intermédio da Comissão de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa, solicitado
o acesso à versão definitiva.
Sendo ainda necessário confirmar alguns elementos avançados no relatório preliminar, é indesmentível a
necessidade do cabal apuramento das responsabilidades pessoais de todos aqueles que estiveram envolvidos
na gestão da Caixa no período entre 2000 e 2015, daqueles que, por incompetência, com dolo ou por mera
inação, foram responsáveis por atos de gestão que conduziram a perdas avultadas, de milhares de milhões de
euros.