26 DE JANEIRO DE 2019
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O Sr. Presidente: — Sr.as e Srs. Deputados, Sr.as e Srs. Funcionários, Sr.as e Srs. Jornalistas, vamos dar
início à nossa sessão plenária.
Eram 10 horas e 6 minutos.
Peço aos Srs. Agentes de autoridade para abrirem as portas das galerias ao público.
Srs. Deputados, realiza-se hoje a eleição de um membro para o Conselho Superior de Defesa Nacional. À
semelhança do que aconteceu na semana passada, as urnas estarão abertas até meia hora depois do fim da
reunião de hoje.
A ordem do dia de hoje consta de um debate quinzenal com o Primeiro-Ministro, ao abrigo da alínea b) do
n.º 2 do artigo 224.º do Regimento.
Tem a palavra, em nome do Grupo Parlamentar do PCP, o Sr. Deputado Jerónimo de Sousa.
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro: Ao longo dos anos tem-se
comprovado que as privatizações são negócios ruinosos para o povo e o País e, simultaneamente, campo aberto
para a corrupção por via dos negócios milionários em que os grupos económicos se apropriam de importantes
empresas públicas e sectores estratégicos.
A privatização dos CTT (Correios de Portugal), feita pelo PSD e pelo CDS, é um exemplo flagrante dessa
realidade. Com exceção dos acionistas privados, que estão satisfeitíssimos, o resto do País está de acordo: a
privatização é um desastre, o serviço postal está a degradar-se.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Encerraram 75 estações em 2018, deixando 33 concelhos sem qualquer
estação de correios. A própria ANACOM (Autoridade Nacional de Comunicações) alertou para que rapidamente
serão 48 os municípios sem estações de correios, recordando que se degrada o serviço quando se substituem
estações por postos.
Para que os acionistas dos CTT amassem mais umas largas dezenas de milhões de euros de recursos
públicos, centenas de autarquias estão a ser ameaçadas pela administração dos CTT de que ou assumem parte
dos custos com a rede postal ou ficam sem qualquer acesso a essa rede.
A administração privada dos CTT tem descapitalizado a empresa, entregando aos acionistas dividendos
superiores aos lucros registados e vendendo ao desbarato património histórico e estruturante.
Os trabalhadores dos CTT afetos aos sectores operacionais são cada vez menos e mais mal remunerados.
As sucessivas reorganizações da empresa têm como único fito o lucro máximo por via da externalização de
serviços, da redução da oferta, do aumento dos ritmos de trabalho e da intensificação da exploração de quem
trabalha.
Sr. Primeiro-Ministro, é cada vez mais evidente que a grave situação que está criada só se resolve com a
recuperação pelo Estado do controlo público dos CTT e do serviço postal universal. Ou se avança com essa
decisão ou o País corre o risco de ver desaparecer um serviço público estratégico e essencial.
Há um ano, o PCP fez essa proposta. O Governo e o PS recusaram-na.
Hoje, a situação está ainda pior, pelo que voltamos a insistir na solução que tem de ser tomada, e já
entregámos um projeto de lei com esse objetivo.
Sr. Primeiro-Ministro, está o Governo decidido a avançar para a recuperação do controlo público dos CTT e
do serviço postal universal?
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro (António Costa): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Jerónimo de Sousa, o Sr. Deputado
fez sempre a distinção entre o serviço postal universal e os CTT. O serviço postal universal é um serviço público
do Estado, apesar de concessionado. Os CTT são hoje — mal! — uma empresa privatizada.