31 DE JANEIRO DE 2019
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Por isso, Sr. Deputado, deixo-lhe a seguinte pergunta: como vê a discrepância entre a realidade
permanentemente diabolizada pela direita, PSD e CDS, e a perceção favorável no terreno — que este estudo
bem evidencia! — dos portugueses, ao contactarem, no seu dia a dia, com os serviços de saúde?
O que entende, Sr. Deputado, que é de facto necessário fazer, com a humildade democrática que temos,
para melhorar ainda mais o atendimento e os serviços públicos da nossa saúde?
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Moisés
Ferreira.
O Sr. Moisés Ferreira (BE): — Sr. Presidente, queria, em primeiro lugar, cumprimentar o Sr. Deputado José
Luís Ferreira pela declaração política que nos trouxe, na qual identificou alguns problemas que existem no
Serviço Nacional de Saúde: falta de profissionais — ainda! —, dificuldade de fixação desses profissionais,
dificuldades de acesso em determinadas regiões do País e a determinados serviços. Tudo isso é verdade.
Identificou também — e bem! — um dos principais problemas do Serviço Nacional de Saúde: a Lei de Bases
da Saúde de 1990. Foi a Lei de Bases que empresarializou hospitais, foi a Lei de Bases que destruiu carreiras
dos profissionais, é a Lei de Bases que diz que se deve incentivar a mobilidade de profissionais para fora do
Serviço Nacional de Saúde, foi a Lei de Bases que fez com que o orçamento do Serviço Nacional de Saúde
ficasse à disposição do pequeno, do médio e do grande negócio na saúde. Esse é um dos grandes problemas
que temos hoje em cima da mesa e que temos de resolver.
Na semana passada, nesta mesma Sala, a Assembleia da República discutiu este problema e discutiu várias
propostas para criar uma nova Lei de Bases.
Percebemos que, à direita, existe um medo terrível de que seja tirado o tapete a quem faz vida com o negócio
da saúde e da doença dos portugueses e dos utentes, mas aquilo que realmente temos de fazer é, constatando
os problemas, responder a esta questão: enquanto País, queremos a saúde como um direito ou queremos a
saúde como um negócio?
O Sr. José Manuel Pureza (BE): — Exatamente!
O Sr. Moisés Ferreira (BE): — Essa é a grande questão, e é sobre essa questão que devemos debater o
conteúdo das propostas e o conteúdo da próxima Lei de Bases da Saúde.
Não nos deteremos em questões de forma ou de mera aritmética parlamentar. Isso é olhar o assunto pela
rama! Isso é colocar questões de forma para tentar condicionar o conteúdo da Lei de Bases que tem de ser
produzida nesta Assembleia da República.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Atenção ao tempo, Sr. Deputado.
O Sr. Moisés Ferreira (BE): — Termino, Sr. Presidente.
O que interessa mesmo é discutir o conteúdo, porque isso é que vai definir a prestação de cuidados de saúde
para o futuro.
A pergunta que coloco ao Sr. Deputado José Luís Ferreira é se, da parte de Os Verdes, a discussão se irá
centrar no conteúdo ou na aritmética parlamentar.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Para responder a estes três pedidos de esclarecimento, tem a palavra o
Sr. Deputado José Luís Ferreira.
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Sr. Presidente, antes de mais, queria agradecer as questões
colocadas pela Sr.ª Deputada Ângela Guerra, pelo Sr. Deputado António Sales e pelo Sr. Deputado Moisés
Ferreira.