I SÉRIE — NÚMERO 45
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Bem sei que a Sr.ª Deputada estava habituada, no passado, a que a Assembleia da República fosse uma
mera caixa de ressonância do Governo. Não é o caso. Estamos aqui para denunciar e para fiscalizar. Gostem
ou não, é assim!
Aplausos de Os Verdes e do PCP.
Sr.ª Deputada Carla Cruz, de facto, o retrato do Serviço Nacional de Saúde é esse: faltam profissionais, há
problemas… Há problemas que derivam, aliás, de opções políticas que foram tomadas durante décadas por
vários Governos, nomeadamente do PS, do PSD e do CDS. É verdade! E sobretudo pelo último Governo!
A Sr.ª Ângela Guerra (PSD): — Claro! Os Verdes é que não foram Governo de certeza! E ainda bem!
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Em relação ao veto, Sr.ª Deputada Carla Cruz, tenho de dizer-lhe
o seguinte: como já respondi há pouco, estamos preocupados com o conteúdo e não com a aritmética. Os
consensos são desejáveis mas não são imprescindíveis. O que é necessário é que se respeitem as regras que
estão estabelecidas do ponto de vista constitucional, porque sei que não é fácil alcançar o consenso entre
aqueles que olham para o negócio e aqueles que olham para o direito, entre aqueles que olham para os utentes
e aqueles que olham para os clientes, entre aqueles que querem fragilizar o Serviço Nacional de Saúde e
aqueles que o querem promover.
Temos uma Lei de Bases que foi aprovada exclusivamente pelo PSD e pelo CDS. É a lei que está atualmente
em vigor e que atravessou vários governos. Vários governos de vários partidos conseguiram sobreviver com
aquela Lei de Bases, portanto, para o futuro, certamente também será possível aos governos que aí vêm
estarem submetidos à lei que sair desta Assembleia, porque é a esta Assembleia que compete aprovar ou não
as leis e aos outros órgãos é que compete promulgar ou não os diplomas.
Aplausos de Os Verdes e do PCP.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Vamos passar a uma nova declaração política.
Tem a palavra, para o efeito, o Sr. Deputado Duarte Pacheco, do PSD.
O Sr. Duarte Pacheco (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as Deputadas e Srs. Deputados: Com muita serenidade,
com sentido de responsabilidade, sem necessidade de ir atrás de holofotes mediáticos do dia,…
A Sr.ª Maria Antónia de Almeida Santos (PS): — Ah!
O Sr. Duarte Pacheco (PSD): — … nem de discursos populistas comicieiros, é necessário dizer, Srs.
Deputados, Sr.ª Deputada Antónia Almeida Santos, que a hipocrisia tem limites.
Aplausos do PSD.
Risos da Deputada do PS Maria Antónia de Almeida Santos.
A verdade factual é só uma: por razões diversas, ou não, os partidos que suportam o Governo tentaram, ao
longo dos últimos anos, esconder dos portugueses a realidade sobre os desmandos de gestão, no mínimo
insensata, ocorrida no banco público, no decurso do último Governo socialista e que tantos milhões de euros
custou aos contribuintes portugueses.
No Parlamento, antes das comissões de inquérito, durante as comissões de inquérito ou mesmo depois do
seu encerramento apressado, o Bloco, o PCP e o PS tudo fizeram para que o Parlamento e os portugueses não
soubessem a verdade. O Bloco e o PCP terá sido, porventura, por razões ideológicas, pois não queriam que os
portugueses se apercebessem que má gestão pode acontecer tanto na banca privada como na banca pública,
pelo que a sua teoria de santificação do setor público face à perversão e à existência de atos de gestão danosa
que só se verificariam no setor privado cairia por terra.