I SÉRIE — NÚMERO 57
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O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
A Sr.ª Carla Cruz (PCP): — Apesar da violenta ofensiva de que tem sido alvo por parte dos protagonistas da
política de direita e dos defensores da ideologia do negócio da saúde, essa é a realidade e não é possível
escondê-la, por muito que os grupos económicos privados e o PSD e o CDS se esforcem com as suas tentativas
de denegrir o SNS.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
A Sr.ª Carla Cruz (PCP): — A ofensiva contra o Serviço Nacional de Saúde visa abalar os pilares
fundamentais do serviço público, como sejam a qualidade e a segurança dos cuidados prestados, os quais são
o seu garante de credibilidade. Atacando estes pilares, os grupos económicos e os seus representantes políticos
pretendem aprofundar a privatização da saúde com o apoio financeiro do Estado e a promiscuidade entre o
setor público e o setor privado.
É neste quadro que se insere a operação de chantagem lançada por alguns dos principais grupos privados
da área da saúde contra a ADSE. Operação montada na sequência da exigência feita pela ADSE para que os
grupos privados devolvam os 38 milhões de euros que receberam indevidamente.
Perante tal exigência, a resposta dos dois grandes grupos foi rasgar os contratos com a ADSE e recusar-se
a prestar cuidados de saúde, numa operação de chantagem sobre o Estado em que os doentes ficam em
segundo lugar face ao objetivo de esses grupos económicos manterem os milhões que receberam
indevidamente.
A Sr.ª Ana Rita Bessa (CDS-PP): — Oh, Sr.ª Deputada!
A Sr.ª Carla Cruz (PCP): — Esta operação de chantagem deixa claro que não é o direito à saúde que move
os grupos privados, mas, sim, transformar a doença em lucro! Assim como fica claro, para quem dúvidas tivesse,
o que significa a chamada «liberdade de escolha». Ou seja, com a liberdade de escolha, na prática, a saúde dos
portugueses ficaria em segundo plano e nas mãos dos que fazem negócio com ela.
Por isso, a resposta que é necessário dar, por parte do Governo, para responder a tão poderosa e intensa
ofensiva é não ceder à chantagem e reforçar o Serviço Nacional de Saúde.
Aplausos do PCP.
O SNS está confrontado com problemas que, sendo da responsabilidade de sucessivos Governos da política
de direita, em particular do PSD/CDS, não foram ultrapassados por falta de compromisso do PS e, sobretudo,
porque não foram concretizadas medidas importantes propostas pelo PCP e aprovadas na Assembleia da
República, como as que estavam contempladas no Programa de Emergência para a Saúde.
O Serviço Nacional de Saúde precisa de uma aposta determinada e efetiva no investimento público que dê
resposta às suas necessidades, designadamente de modernização das suas infraestruturas e equipamentos, e
que trave e inverta a sua degradação.
A degradação das instalações dos hospitais do SNS resolve-se com a concretização das medidas
contempladas no Orçamento do Estado, como as que preveem a construção de hospitais em Évora, Seixal,
Lisboa, Barcelos e Algarve,…
O Sr. Cristóvão Norte (PSD): — Algarve?!
A Sr.ª Carla Cruz (PCP): — … assim como com investimentos na reparação e ampliação de
estabelecimentos hospitalares e dos cuidados de saúde primários.
A obsolescência dos equipamentos resolve-se com o aumento do investimento público, afetando verbas que
estão disponíveis no Orçamento do Estado e verbas dos fundos europeus.