16 DE MAIO DE 2019
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emissões, ou seja, num valor superior àquele que os ativistas do clima nos exigiam há poucos dias e que agora
corrigiram assumindo o nosso, porque o nosso valor era maior do que o deles.
Aí estabelece-se como meta atingir 80% de fontes renováveis na produção de eletricidade em 2030, o que
implica uma duplicação da produção renovável e o encerramento das centrais a carvão até essa data. Existem
datas claras para o encerramento das centrais a carvão e, quem ler o Roteiro para a Neutralidade Carbónica,
vê-o logo de forma rápida.
É ao sistema elétrico nacional e ao setor da mobilidade e dos transportes que, neste período, caberá dar o
maior contributo para a redução de emissões.
Quando, há algumas semanas, recebi os estudantes portugueses da greve climática, uma das exigências de
que me deram conta foi a do imediato encerramento das centrais a carvão. Mas, se o fizéssemos agora, metade
do País ficaria às escuras, já que o sistema eletroprodutor ainda está dependente dos combustíveis fósseis e a
rápida transição que nos propomos fazer ruiria pela base com a ausência de apoio popular que, em democracia,
é sempre necessário. Seremos tão rápidos no descomissionamento das centrais a carvão quanto possível e
tanto mais rápidos seremos quanto maior for a penetração das renováveis.
Atualmente, 75% da energia consumida em Portugal é importada. Em 2030, esse valor reduzir-se-á em 10
pontos percentuais e, de acordo com o previsto no Roteiro, em 2050 estará abaixo dos 20%. É um longo
percurso, que comporta diversos desafios, mas que são alcançáveis em 30 anos.
Esta transição precisa de investimento. Atingir a neutralidade carbónica implica, em média, um investimento
adicional de 2850 mil milhões de euros por ano, comparados com o investimento em cenários sem neutralidade.
Este investimento será, sobretudo, das empresas e das famílias e, como tal, deve ser feito de forma faseada,
tendo em conta as fontes de financiamento disponíveis e aquela que será a evolução da própria economia.
Atingir a neutralidade carbónica implica uma alteração de paradigma, uma mudança de comportamento e
uma nova dinâmica social. Também esta precisa de tempo.
Atingir a neutralidade é um compromisso já assumido pelo Governo, mas que deverá ser devidamente
programado, de forma a serem potenciados os seus benefícios e acautelados os eventuais impactes que
possam existir. Assegurar uma transição justa e coesa é fundamental para o seu sucesso.
Sr.as e Srs. Deputados, mais do que palavras, são necessárias ações — é o que este Governo tem vindo a
fazer.
A ação climática tem vindo a ser concretizada em duas dimensões, distintas, mas complementares: a
adaptação às alterações climáticas, visando aumentar a resiliência e reduzindo as vulnerabilidades às alterações
do clima, e a mitigação das alterações climáticas, que contempla todos os esforços de redução de emissões de
gases com efeito de estufa.
No que respeita à adaptação, iniciámos um ciclo mais focado na ação, ao desenvolver o Programa Nacional
de Ação para a Adaptação às Alterações Climáticas (P-3AC), e estão a ser investidos cerca de 140 milhões de
euros na adaptação do litoral e cerca de 100 milhões de euros na reabilitação da rede hidrográfica.
Em matéria de mitigação das alterações climáticas, Portugal destacou-se por ser o país da Europa — já o
referi — que mais reduziu as suas emissões de gases com efeito de estufa entre 2017 e 2018: menos 9%. Este
número é absolutamente rigoroso, e quem diz que isto tem a ver com ter havido menos incêndios no ano de
2018 engana-se redondamente, porque estes números contemplam em exclusivo as emissões que tiveram a
ver com a utilização da energia. É, por isso, uma redução real, de 9%, num só ano.
Ou seja, a aposta na descarbonização da economia tem sido um objetivo transversal à atuação deste
Governo. É de assinalar, neste contexto, a eliminação faseada das isenções de pagamento de ISP (imposto
sobre os produtos petrolíferos e energéticos) e da taxa de carbono na produção de eletricidade a partir de carvão
— essa é, aliás, uma das grandes razões para a redução das emissões —, o que permite privilegiar outras fontes
menos poluentes e acabar com os apoios perversos que ainda existem, é um facto, e que este Governo foi o
primeiro a combater e a reduzir, à produção de energia a partir de fontes poluentes.
Sr.as e Srs. Deputados, o nosso futuro é exigente, mas o nosso passado recente não o foi menos. Que a
dimensão da nossa tarefa não nos impeça de fazer o necessário. Já mostrámos que o conseguimos. Já
mostrámos que estamos bem colocados para o conseguir.
Aplausos do PS.