16 DE MAIO DE 2019
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A Sr.ª Ângela Moreira (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Ministro, Srs. Secretários de Estado, Srs. Deputados,
reconhecemos a transcendência desta matéria, mas passar o ónus do combate aos problemas ambientais para
os cidadãos, de forma individualizada, desculpabilizando assim os verdadeiros responsáveis, não é a solução
efetiva para o problema.
Enquanto se insistir numa abordagem de mercado às questões do clima e do ambiente, como, por exemplo,
através do mercado de carbono, não vamos conseguir contribuir para uma diminuição das emissões de gases
com efeito de estufa.
O mercado de carbono traduz-se na compra e venda do direito de poluir, traduz-se na implementação de
mecanismos que visam mercantilizar e financeirizar o ambiente. Recentemente, era mais barato adquirir as
licenças de carbono do que investir em tecnologias para reduzir as emissões para a atmosfera.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
A Sr.ª Ângela Moreira (PCP): — Sr. Ministro, a realidade já demonstrou que o mercado de carbono é ineficaz
e perverso. Então, pergunto: porquê insistir num mecanismo que trata o ambiente como um negócio e como
mais um meio de obtenção de lucro?
Os sérios problemas ambientais resultantes do atual modelo de produção não se resolvem com a declaração
do estado de emergência climática, cujo objetivo é justificar a implementação de mecanismos financeiros
especulativos, como o do mercado do carbono, a taxação dos comportamentos individuais ou a promoção do
consumo e de mercados ditos verdes.
Como o PCP propôs em 2016, através de uma iniciativa legislativa, é preciso: adotar medidas para diminuir
a dependência dos combustíveis fósseis, com a promoção de alternativas energéticas de domínio público;
promover a produção local, contrariando a liberalização do comércio mundial; reduzir as emissões com um
normativo específico, e não com a atribuição de licenças transacionáveis que potenciam a especulação e não
resolvem o problema; combater a pressão para a mercantilização da água e a desresponsabilização do Estado
na defesa da natureza e do ambiente.
Não concorda, Sr. Ministro?
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — É a vez de o Sr. Deputado António Costa Silva, do Grupo parlamentar do PSD, pedir
esclarecimentos.
O Sr. António Costa Silva (PSD): — Sr. Presidente, Sr. Ministro, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs.
Deputados, dados do último relatório do Portugal 2020, referem que o POSEUR (Programa Operacional
Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos), um dos principais instrumentos que o Governo pode utilizar
para resolver problemas, nomeadamente relativamente às alterações climáticas, tem uma execução de 22%. E
os programas operacionais, outro instrumento fundamental, têm, entre todos, uma execução que se situa entre
os 19% e os 23%.
Sr. Ministro, o nível de execução sobre esta área concreta é um desastre, quando temos financiamentos a
fundo perdido a 85%.
Sr. Ministro, a que é que se deve, efetivamente, esta péssima execução por parte do Governo?
Em relação a esta matéria, relembro o Sr. Ministro que já passaram os anos de 2014, 2015, 2016, 2017,
2018 e que estamos em meados de 2019. Qual é a desculpa para tão fraca execução dos fundos comunitários?
Qual é a desculpa que o Sr. Ministro e o Governo nos trazem quanto a esta matéria? Já não é o Governo
anterior, Sr. Ministro! Está a acabar a Legislatura!
Sobre as áreas em que incide diretamente a execução destes fundos por parte do seu Ministério, então o
desastre ainda é maior, Sr. Ministro.
Qual é, pois, a desculpa que nos traz hoje?
Aplausos do PSD.