I SÉRIE — NÚMERO 3
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Aplausos do CDS-PP.
Protestos do Deputado do PCP João Oliveira.
Sr. Deputado, está agitado. Percebo que a verdade, às vezes, seja incómoda, mas terá de ouvi-la.
Sr.as e Srs. Deputados, o mesmo Primeiro-Ministro que afirma, com um ar seráfico, que o Governo responde
perante o Parlamento é o mesmo que, ostensivamente, deixou, e deixa, sem resposta as perguntas que, ontem,
o CDS lhe fez. E foi assim que o Sr. Primeiro-Ministro se recusou categoricamente a responder, ontem, à
pergunta do CDS sobre a eutanásia.
O Sr. André Ventura (CH): — Exatamente!
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Tal como se recusou categoricamente a responder às perguntas do
CDS sobre as forças de segurança ou sobre o conhecimento que o seu Governo teve acerca das situações
extraordinariamente graves vividas no SEF (Serviço de Estrangeiros e Fronteiras), sendo «situações
extraordinariamente graves» um eufemismo para descrever o que pode ter-se passado. Ou o Sr. Primeiro-
Ministro pensa que não deve explicações sobre esta matéria ou pensa que estas matérias não são importantes.
Sobre a proposta apresentada pelo CDS que, ao mesmo tempo que responde às enormes dúvidas sobre a
sustentabilidade da ADSE, acaba com as inexplicáveis e inaceitáveis diferenças entre os portugueses que têm
acesso a este sistema e os portugueses a quem lhes é vedado esse acesso, o Primeiro-Ministro também não
quis esclarecer a posição do Governo. É incompreensível que o Governo não responda e continue a travar o
estudo deste alargamento.
O que percebemos ontem foi que, quando a pergunta é incómoda, quando não agrada, o Governo já não
responde perante o Parlamento, recusa-se. Para o Sr. Primeiro-Ministro, o Parlamento são os partidos que lhe
dizem «ámen» e os Deputados são os que lhe fazem as perguntas que quer ouvir.
Sr. Primeiro-Ministro, a divergência é normal em democracia, mas o Parlamento representa a Nação e
representa o povo, e todos os Deputados são eleitos pelos portugueses.
Aplausos do CDS-PP.
Todos os portugueses merecem o seu respeito e merecem as suas respostas. Quando, muitas vezes, nos
perguntamos aqui por que razão se afastam os portugueses da política, pergunto-me se alguém fora desta Sala
percebe que os Deputados tenham o direito de fazer perguntas e o Sr. Primeiro-Ministro não tenha obrigação
de lhes responder.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Muito bem!
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Como é pena, também, que o Sr. Primeiro-Ministro, recordista da carga
fiscal, se esconda atrás de frases feitas para evitar uma resposta direta a esta pergunta tão simples que o CDS
lhe fez: pode garantir que, com os mesmos rendimentos, nenhum português vai, no próximo ano, pagar mais
impostos? Ao mesmo tempo que diz que não haverá agravamento fiscal sobre a classe média, recusa-se
esclarecer se a revisão, ou a eliminação, de benefícios fiscais e o englobamento que defende vão ou não vão
significar mais receita fiscal. E como receita fiscal é outra forma de dizer impostos pagos e como os impostos
são pagos pelos cidadãos, e não por extraterrestres, por mais que o tentem negar, a conclusão é óbvia.
Sr. Primeiro-Ministro, a garantia mais importante que aqui deveria ter deixado — a garantia de
desagravamento da carga fiscal e de diminuição de impostos —, recusou-se a dá-la. O CDS não desistirá de
existir…
O Sr. João Oliveira (PCP): — Isso é que foi um lapsus linguae!