16 DE OUTUBRO DE 2020
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temática, em que lógicas de intervenção e de políticas europeias é que temos de inserir e enformar as nossas
opções pseudossoberanas —, então, temos de apontar, como na velha história, que «o rei vai nu».
Esse genuíno processo de participação democrática não passa nem por um diálogo limitativo, de tipo
interinstitucional, que mal não faz mas que não resolve, e, do ponto de vista das consequências concretas
relativamente às decisões a tomar na tal territorialização dos investimentos, tem vindo a perder terreno de quadro
para quadro, como o Sr. Deputado Nuno Fazenda certamente reconhecerá, justamente à pala dessas
concentrações temáticas, dessas políticas prioritárias a nível europeu, em que nos dizem, à partida, «escolham
as vossas prioridades de entre estas que vos oferecemos».
Portanto, as nossas prioridades, nos territórios, nas regiões, envolvendo a população, envolvendo as
organizações locais, envolvendo os agentes do desenvolvimento, têm de passar, acima de tudo, pela
capacidade de assumirmos a liberdade e a determinação de traçar opções no quadro de um caminho de
desenvolvimento soberano.
Do nosso ponto de vista, o que a realidade demonstra é que não é isso que a União Europeia está a permitir,
bem pelo contrário, está a ser não uma parte da solução, mas uma parte do problema. E avançar com propostas
que procuram adequar este ataque que está a ser perpetrado é algo que, não agravando a situação, não
trazendo problemas acrescidos, está muito longe de apontar as respostas efetivas de que o País precisa nesta
matéria.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado João Almeida, para uma intervenção, em nome do Grupo Parlamentar do CDS-PP.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Esta iniciativa que o Partido Socialista aqui nos traz hoje é aquele tipo de iniciativa, peço desculpa e sem menosprezo pelo conteúdo,
para cumprir calendário. É que, efetivamente, acrescenta muito pouco ou nada àquilo que tem vindo a ser todo
um trabalho de discussão sobre qual deve ser a posição do Governo de Portugal e a reflexão nacional a fazer
relativamente à nossa recuperação e ao Plano de Recuperação e Resiliência.
O que devemos discutir aqui é se, do ponto de vista institucional, tudo foi feito no sentido de que este debate
se realizasse nos termos em que deveria ter sido antes da submissão a Bruxelas.
A Sr.ª Emília Cerqueira (PSD): — Exatamente!
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Antes de pensarmos em alargar o debate, convém percebermos se, no âmbito parlamentar, ele foi feito como deveria ter sido. E, Sr. Deputado Nuno Fazenda, não foi! Não foi!
Nós tomámos conhecimento hoje de manhã daquilo que o Governo ontem apresentou na Gulbenkian e que,
entretanto, já enviou para Bruxelas. E, como sempre dissemos, este plano tem compromissos a nível do cenário
macroeconómico, mas sobre isso não houve qualquer discussão.
Não adianta dizer que o Governo promoveu um concurso de ideias ao chamar a São Bento todos os partidos,
para que cada um dissesse o que achava que era prioritário, porque depois pôs no plano aquilo que bem
entendeu, sem voltar a falar com os partidos. E não discutiu com os partidos a relação que existe, do ponto de
vista do cenário macroeconómico, entre todas as opções e os compromissos que inscreveu no plano. Como é
que nós sabemos que aquelas propostas vão permitir o crescimento económico ou o nível de desemprego que
lá estão comprometidos? Não houve nenhuma discussão sobre isso!
Dizem os Srs. Deputados do Partido Socialista: «vamos, agora, fazer uma grande discussão nacional para
vermos como é que vamos aplicar este plano». Ó Srs. Deputados, os senhores já definiram os princípios, já
definiram os objetivos, vamos discutir o quê?! Vamos discutir o quê?! Os senhores já comprometeram o País!
Confesso que hoje, ao ouvir o Primeiro-Ministro, me lembrei de há uns anos. O Sr. Primeiro-Ministro, hoje,
estava feliz, porque a Presidente da Comissão tinha gostado muito do nosso plano. Srs. Deputados, sou do
tempo em que o Eng.º José Sócrates, Primeiro-Ministro de Portugal, dava conferências de imprensa ao lado da
Sr.ª Merkel a dizer que os PEC (Programa de Estabilidade e Crescimento) que ia trazer ao Parlamento português
eram muito bons. Espero que não voltemos a esse tempo! Espero que não voltemos ao tempo em que o Partido