O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

26 DE JUNHO DE 2021

13

Esta estratégia é também radicalmente inovadora em matéria de processo penal. E, mais à frente,

explicaremos porque é que não se trata de direito penal negociado, semelhante ao do modelo anglo-saxónico,

mas sim de uma solução próxima dos acordos sobre a sentença que estão previstos no Código de Processo

Penal alemão desde agosto de 2009 e que são, hoje, responsáveis pelo enfrentamento de mais de 80% da

criminalidade económica e grave, com mais celeridade e com uma percentagem incomparavelmente superior

de condenações.

Portanto, esta proposta que o Governo aqui traz hoje corresponde a uma estratégia corajosa, ambiciosa,

mais preocupada com o que é do que com o que parece.

A pergunta que queria deixar, Sr.ª Ministra, prende-se com uma outra dimensão desta estratégia, não menos

relevante, que é a dimensão preventiva. Era sobre isso que gostávamos de a ouvir falar.

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente: — Tem a palavra, para responder a este conjunto de quatro questões, a Sr.ª Ministra da Justiça, Francisca Van Dunem.

A Sr.ª Ministra da Justiça: — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, confesso que o conjunto de questões não é tão amplo quanto esperava, mas procurarei responder a todas, na medida da compreensão que delas

tive.

Creio que a primeira questão que perpassa ao longo dos vários pedidos de esclarecimento que foram feitos

se resume a saber porque é que o Governo decidiu não ter nenhuma intervenção relativamente à proposta sobre

o enriquecimento injustificado. Tive oportunidade de explicar isso às Sr.as e aos Srs. Deputados, em sede de

comissão, e reitero agora.

Na altura em que a proposta de estratégia foi apresentada, tinha acabado de entrar em vigor a Lei n.º

52/2019, que justamente criminalizava não propriamente a não declaração mas a recusa de declaração ou a

declaração inexata na sequência de uma notificação para a declaração de bens, de rendimento e de património.

Tal resultava de uma iniciativa do Parlamento, e o Governo entendeu que, tratando-se, como se trataria, de

aperfeiçoar esse modelo, deveria — numa ótica de cortesia institucional — deixar que fosse o Parlamento a

pegar nessa matéria e, eventualmente, alterá-la.

Relativamente a tudo o mais, o Governo mostrou não ter nenhuma dificuldade em enfrentar qualquer das

questões que o problema do combate à corrupção implica.

Sr.as e Srs. Deputados, o Governo não pretende atribuir prémios em troca de confissões.

O Sr. Deputado José Manuel Pureza perguntou se o Governo quer enveredar por uma política de indulgência

a troco de confissões. Não, Sr. Deputado, não é assim! E não é assim, porque está expresso na lei, está

expresso nas nossas propostas que, mesmo em caso de dispensa ou de atenuação da pena, o agente perde

os bens que adquiriu ilicitamente através do ato corruptivo.

Está expresso nas nossas propostas que, mesmo em caso de dispensa ou de acumulação da pena, o

Ministério Público e a Polícia Judiciária devem fazer a investigação patrimonial no sentido de conseguirem a

perda alargada de bens. Significa isto que reverte para o Estado a diferença entre o património efetivo do agente

— obviamente, em poder dele ou em poder de terceiros — e aquilo que resulta das suas declarações de

rendimentos. Portanto, essa questão, Sr. Deputado, está afastada.

Perguntam-me também sobre a questão dos investimentos em infraestruturas e na investigação criminal.

Sobre esta matéria, já devolvi a pergunta, mas quero dizer-lhes o seguinte: em primeiro lugar, os grandes meios

do Ministério Público na investigação criminal são as polícias; neste caso, a Polícia Judiciária. Mas, mesmo

considerando o Ministério Público, é do conhecimento deste Parlamento — e eu acho que não devemos persistir

em fazer afirmações que não são rigorosas — que, desde 2016, o Governo tem aberto cursos de formação no

Centro de Estudos Judiciários (CEJ), no limite da capacidade do centro, privilegiando a magistratura do

Ministério Público ao longo de todo este período.

Este Parlamento sabe também, porque o Governo tem dado informação, que o Governo disponibilizou ao

Ministério Público meios financeiros para a criação de um programa de informatização do inquérito, que é da

responsabilidade do Ministério Público e que, neste momento, o Governo vai apoiar, ainda, com verbas do PRR.

Páginas Relacionadas
Página 0006:
I SÉRIE — NÚMERO 82 6 Não havendo pedidos de palavra, vamos votá-lo.
Pág.Página 6
Página 0007:
26 DE JUNHO DE 2021 7 798/XIV/2.ª (PCP) — Criminalização do enriquecimento injustif
Pág.Página 7
Página 0008:
I SÉRIE — NÚMERO 82 8 porque também aqui o tempo tem uma densidade e uma lei
Pág.Página 8
Página 0009:
26 DE JUNHO DE 2021 9 A perda do património, da fazenda e dos haveres que constitue
Pág.Página 9
Página 0010:
I SÉRIE — NÚMERO 82 10 O Sr. José Manuel Pureza (BE): — Sr. President
Pág.Página 10
Página 0011:
26 DE JUNHO DE 2021 11 enfraquecida e debaixo de uma horrível perceção pública de q
Pág.Página 11
Página 0012:
I SÉRIE — NÚMERO 82 12 O Sr. André Ventura (CH): — Afinal, o que é esta prop
Pág.Página 12
Página 0014:
I SÉRIE — NÚMERO 82 14 Este Parlamento tem também conhecimento de que, relat
Pág.Página 14
Página 0015:
26 DE JUNHO DE 2021 15 exigência de maior transparência e da exigência não só das i
Pág.Página 15
Página 0016:
I SÉRIE — NÚMERO 82 16 armamento. Mas, pior, esta verdadeira economia de cas
Pág.Página 16
Página 0017:
26 DE JUNHO DE 2021 17 as próprias instituições financeiras a reformularem os seus
Pág.Página 17
Página 0018:
I SÉRIE — NÚMERO 82 18 impunidade minam os fundamentos básicos e a credibili
Pág.Página 18
Página 0019:
26 DE JUNHO DE 2021 19 O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente! O Sr
Pág.Página 19
Página 0020:
I SÉRIE — NÚMERO 82 20 relevantes que se registem no exercício do cargo e du
Pág.Página 20
Página 0021:
26 DE JUNHO DE 2021 21 O Sr. Presidente: — Tem a palavra, para responder, o Sr. Dep
Pág.Página 21
Página 0022:
I SÉRIE — NÚMERO 82 22 A causa do rigor e da verdade exige que se assuma que
Pág.Página 22
Página 0023:
26 DE JUNHO DE 2021 23 Aplausos do PS. Temos da política uma compreen
Pág.Página 23
Página 0024:
I SÉRIE — NÚMERO 82 24 Vamos mais longe quando queremos que o estatuto do de
Pág.Página 24
Página 0025:
26 DE JUNHO DE 2021 25 e julgado num processo de corrupção, ou nas mais importantes
Pág.Página 25
Página 0026:
I SÉRIE — NÚMERO 82 26 ideia, nem é essa a nossa intenção, que, de resto, al
Pág.Página 26
Página 0027:
26 DE JUNHO DE 2021 27 São propostas também várias medidas de combate à morosidade
Pág.Página 27
Página 0028:
I SÉRIE — NÚMERO 82 28 A leviandade com que se pretende administrar a justiç
Pág.Página 28
Página 0029:
26 DE JUNHO DE 2021 29 primeiras propostas de enriquecimento ilícito», porque foram
Pág.Página 29
Página 0030:
I SÉRIE — NÚMERO 82 30 Mas o erro judiciário conta muito e, se isso não inco
Pág.Página 30
Página 0031:
26 DE JUNHO DE 2021 31 Também em abril passado, uma Deputada do Partido Socialista,
Pág.Página 31
Página 0032:
I SÉRIE — NÚMERO 82 32 O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Para ped
Pág.Página 32
Página 0033:
26 DE JUNHO DE 2021 33 Vozes do PSD: — Muito bem! Protestos doPS.
Pág.Página 33
Página 0034:
I SÉRIE — NÚMERO 82 34 A Sr.ª Cláudia Santos (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e
Pág.Página 34
Página 0035:
26 DE JUNHO DE 2021 35 Aplausos do PS. O Sr. Presidente (Fernando Neg
Pág.Página 35
Página 0036:
I SÉRIE — NÚMERO 82 36 global da justiça mas na área do combate à corrupção,
Pág.Página 36
Página 0037:
26 DE JUNHO DE 2021 37 Desse ponto de vista, gostaria de dizer, em nome do CDS-PP e
Pág.Página 37
Página 0038:
I SÉRIE — NÚMERO 82 38 Com essa postura política, terão, seguramente, muitos
Pág.Página 38
Página 0039:
26 DE JUNHO DE 2021 39 Todas as medidas que visam tornar mais célere o processo pen
Pág.Página 39