I SÉRIE — NÚMERO 88
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que o Governo fez foi trazê-la agora, à última hora, no encerramento dos trabalhos, à pressa, sem o mínimo dos
mínimos.
Onde está o estudo prévio das vantagens desta solução? Onde é que está? Quem se pronunciou sobre isso?
Onde estão os pareceres dos órgãos da Ordem dos Advogados, da magistratura ou de qualquer outra
entidade? Onde estão os pareceres que sustentam esta mesma proposta? Zero!
Onde está sequer o relatório e o parecer da 1.ª Comissão sobre uma matéria que tem, obviamente,
implicações constitucionais? Nem parecer da 1.ª Comissão há. Nada!
Foi feito à pressa, de uma forma que seria uma vergonha para qualquer Governo. Mas é evidente que
também já percebemos que o Bloco de Esquerda, a troco de mais algumas coisas na lei de imigração e no
regime da imigração, vai dar a mão ao Governo para tentar salvar a cabeça do Ministro.
Em nossa opinião, vai tarde. E vai tarde porque, sinceramente, este Ministro já não conta e a forma como
está agora a apresentar esta reforma é pouco mais do que um carimbo, um visto, uma guia de marcha de quem
já não conta nesta mesma matéria ou, se quisermos, um salvo-conduto para que um novo Ministro da
Administração Interna não tenha de lidar com esta questão, libertando-se das trapalhadas que começaram,
obviamente, em janeiro, quando foi anunciada esta decisão, uma incompetência do Ministro — uma entre muitas!
— em lidar com a questão do bárbaro assassinato de Ihor Homeniuk e com tudo aquilo que se sucedeu.
É evidente que esta é a questão do método, mas depois há a questão do conteúdo e, no que respeita ao
conteúdo, sejamos claros: para nós isto é um erro. E é um erro porquê? Desde logo, porque perdemos
experiência e competência adquiridas ao longo destes 35 anos.
Vozes do PSD: — É uma vida!
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Perdemos a experiência e competência adquiridas e reconhecidas daqueles que trabalham no SEF. Perdemos a especialização no desenvolvimento de tarefas e de competências
que, regra geral, ao longo destes anos, foram exemplares e reconhecidos nacional e internacionalmente.
Perdemos porque, como foi dito — e bem! —, nos afastamos das melhores práticas europeias, passando a
ter três ou quatro entidades diferentes a lidar com esta matéria. A regra geral na Europa é a de haver uma
entidade,…
O Sr. José Magalhães (PS): — Não é verdade!
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — … um ponto de contacto e, do ponto de vista europeu e no sistema de Schengen, articular preferencialmente com uma única entidade.
O Sr. José Magalhães (PS): — É falso!
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Convém dizer e deixar claro que tudo isto é feito com base no argumento falso de que vai melhorar imenso a situação dos imigrantes, de que vai contribuir e ser uma enorme ajuda para
essa mesma situação. É evidente que o argumento é falso e a incerteza que se gerou desde logo no SEF tem
originado filas de espera infindáveis. As pessoas nunca mais veem os seus processos tratados, porque ficou
tudo em standby.
Há meses que o Governo, por incompetência do Ministro, deixou isto tudo nesta situação, mas, se dúvidas
houvesse sobre a bondade do Governo nesta matéria — era isso que eu também gostaria de deixar muito claro
—, bastaria lembrar que, conjugado com um diploma da Sr.ª Ministra da Justiça para libertar presos das cadeias,
o Governo se preparava para atribuir aos imigrantes uma ala da prisão de Caxias.
Está clara a política do Governo, não deixa dúvidas. Só isso deveria esclarecer toda a gente nesta Câmara
sobre as boas intenções do Governo.
Por outro lado, como já foi dito, o Governo vai entregar às polícias aquilo que era feito de forma especializada
por um serviço de segurança com competências e formação, obviamente, para lidar com estes mesmos
problemas.
É evidente que a separação entre o controlo das entradas, os vistos, a legalidade, as redes e a criminalidade
vai ser prejudicial, porque todos os dias se colocam problemas policiais nesta atividade e, se eles estiverem fora