1 DE OUTUBRO DE 2021
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Efetivamente, precisamos de mais transparência no cumprimento deste mesmo calendário e plano de ação,
que foi anunciado pelo Governo e adiado ad aeternum.
Aplausos do PAN.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Mariana Silva, de Os Verdes, para uma intervenção.
A Sr.ª Mariana Silva (PEV): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Hoje discutimos a requalificação de
escolas espalhadas um pouco por todo o País, um tema antigo e com um trabalho extenso, fruto do
desinvestimento de anos na educação, sobretudo na contratação dos meios humanos, de professores e
técnicos. Se o mais importante é a qualidade e a quantidade de profissionais que possam valorizar o trabalho
junto dos alunos, o seu desenvolvimento intelectual e físico, não podemos dissociar todo este esforço das
comunidades escolares das condições físicas de que cada escola dispõe.
Os Verdes apresentam três projetos de resolução de requalificação: da Escola Secundária de Esmoriz, em
Ovar, da Escola Secundária Camilo Castelo Branco, em Vila Real, e da Escola Secundária da Sertã, escolas
que têm tido intervenções esporádicas que servem apenas como paliativos para que os alunos destas regiões
não fiquem abandonados e para que se garanta o direito à educação.
As dificuldades que estas comunidades escolares enfrentam a cada novo ano letivo são muito semelhantes.
E, a cada ano letivo, as promessas de que as obras tão urgentes se vão concretizar não passam disso mesmo,
de promessas.
Já ontem discutíamos os problemas do novo ano letivo, que se repetem, apesar do susto da pandemia e da
promessa do reforço de verbas para a área da educação. Assim, o que está em discussão neste debate são as
escolas do centro e norte do País com graves falhas na eficiência energética, com as caixilharias das janelas
que não permitem o conforto térmico, tão importante para o bom trabalho dentro das salas de aula. E, não, Sr.as
e Srs. Deputados, os cobertores e as mantas não chegaram às escolas com a pandemia e as regras de
arejamento.
São escolas com más condições de ventilação nos bares e nas cantinas, com casas de banho sem
condições, sem meios para uma verdadeira higienização e segurança, com equipamentos para a prática
desportiva sem balneários ventilados, com espaços muito exíguos e até com falta de condições nos espaços
exteriores, os quais não permitem a socialização, a brincadeira em segurança e mesmo a deslocação abrigada
entre edifícios, tanto no verão como no inverno.
No que à aquisição de conteúdos diz respeito, os alunos também saem a perder e os professores têm de se
socorrer da criatividade. Só com o empenho de todos se explica que apresentem resultados positivos nestas
escolas, não obstante estas dificuldades: oficinas que não permitem que se ponham em prática novos métodos
de ensino e aprendizagem, salas que não permitem a utilização de tecnologias, laboratórios com material
obsoleto e salas de aula que não comportam, de forma segura e com condições de aprendizagem, o número
elevado de alunos por turma.
Ler os projetos de lei ou ouvir estas dificuldades não tem o mesmo impacto que conhecer estes espaços e
sentir como estas escolas públicas, que albergam mais de 2000 alunos, vivem diariamente a forma desigual
como têm acesso aos conteúdos, aos materiais de aprendizagem, ao desporto. Todas estas dificuldades estão
a pôr em causa o direito à escolaridade obrigatória.
É urgente a reabilitação destes edifícios e espaços exteriores, indispensáveis à concretização do direito à
educação, proporcionando condições dignificantes a toda a comunidade escolar e queremos um
reconhecimento alargado do Parlamento para a urgência destas intervenções.
Os Verdes consideram que o Governo não pode continuar a ignorar estas e tantas outras situações por todo
o País na presente Legislatura, devendo garantir condições dignificantes e de segurança para estas
comunidades escolares.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção pelo Grupo Parlamentar do PS, tem a palavra a Sr.ª Deputada
Sara Velez.