21 DE OUTUBRO DE 2021
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termos a capacidade de diversificar as fontes energéticas: apostar mais no hidrogénio verde e aumentar novas
portas de entrada para o gás natural, que, não sendo uma energia limpa, é uma energia de transição, em relação
à qual não podemos estar simplesmente dependentes da Rússia, da Turquia e da Argélia e devemos cada vez
mais utilizar a nossa, para reforçar uma nova área de relação transatlântica. Portugal já é a porta de entrada de
um terço do GNL (Gás Natural Liquefeito) vindo dos Estados Unidos; devemos e podemos aumentar esta quota.
Aplausos do PS.
Significa isto que devemos ignorar as medidas de curto prazo? Não!
O Sr. Presidente: — Peço-lhe para concluir, Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Vou já concluir, Sr. Presidente. Como sabemos, as propostas apresentadas pela Comissão para o curto prazo nada acrescentam a todas as
medidas que já adotámos no passado. Mas é altura de debatermos efetivamente um mecanismo de formação
de preços, designadamente a questão de saber se o preço deve manter uma lógica marginalista, o que
claramente penaliza países como Portugal, onde a componente das indústrias de energia renovável já é
particularmente significativa.
Isso mostra que devemos manter a coerência no combate e no enfrentar a emergência climática sem
desconsiderar todas as medidas que seja necessário adotar de modo transitório para responder a esta crise dos
combustíveis, que não podemos, naturalmente, ignorar.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Depois da abertura por parte do Governo, vamos passar à fase de debate. Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Cegonho, do Grupo Parlamentar do PS.
Faça favor, Sr. Deputado.
O Sr. Pedro Cegonho (PS): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, Sr. Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Sr.as e Srs. Deputados: Neste debate
debruçamo-nos sobre a agenda prevista para a reunião de 21 e 22 de outubro do Conselho Europeu, em plena
Presidência eslovena da União Europeia, onde se prevê que seja abordado pelos líderes europeus o ponto da
situação da pandemia COVID-19, as matérias da transição digital, da energia, da migração e das relações
externas.
Relativamente ao combate à pandemia é importante sublinhar o sucesso do programa comum de vacinação
que, ainda sob a Presidência portuguesa, permitiu desenhar o certificado digital da União Europeia, uma
concretização europeia que é já uma história de sucesso internacional.
Este modelo, que conjuga tecnologia e responsabilidade individual de cada cidadã e de cada cidadão,
estabeleceu um padrão global ao ser atualmente o único sistema em funcionamento a nível internacional.
Este certificado tem sido um elemento crucial na resposta da Europa à pandemia e já foram emitidos mais
de 600 milhões de certificados individuais. Este instrumento tem sido essencial para o retomar da mobilidade
entre Estados-Membros, algo indispensável e nuclear à União Europeia, pois sem liberdade de circulação de
pessoas, as liberdades de circulação de serviços, bens e capitais ficam diminuídas.
É inegável que as formas de reação à pandemia COVID-19 deram um novo impulso ao trabalho da União
destinado a acelerar a transição digital e tecnológica.
Por isso, é essencial que a União proteja e reforce a sua soberania digital e se afirme na liderança nas
cadeias de valor digitais estratégicas internacionais enquanto elementos essenciais para garantir a sua
autonomia estratégica. Daí a importância de um bom desenho conjunto da conectividade digital e do
estabelecimento e desenvolvimento de parcerias mundiais que promovam a interconectividade global com
ganhos para todos.
Aplausos do PS.