I SÉRIE — NÚMERO 13
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Tal questão está próxima, também, do debate estratégico sobre a política comercial da União Europeia (UE),
pois mais de 30 milhões de empregos na UE dependem das exportações para fora da União.
Assim, é importante que a União esteja focada no desenvolvimento do sistema de comércio global,
multilateral, forte e assente em regras globalmente justas, mas também é natural que procure manter a sua
autonomia estratégica, diversificando relacionamentos com as várias regiões do globo, como a Presidência
portuguesa tão bem demonstrou ao recolocar a atenção europeia nas parcerias de investimento e comércio com
a Índia ou relançando o relacionamento com países da região do indo-pacífico como a Austrália e a Nova
Zelândia.
Saúda-se também, no âmago da autonomia estratégica da Europa, a reflexão pelos líderes europeus sobre
as questões energéticas como problema comum. Mas, que não haja dúvidas, tal como no combate à pandemia,
as preocupações dos cidadãos e dos Estados nas condições de acesso à energia exigem uma resposta comum
ao nível global, e não só, da União Europeia, pois são um problema mundial comum.
A propósito desta preocupação, a Comissão Europeia adotou, em outubro, uma comunicação sobre os
preços da energia para fazer face ao aumento excecional dos preços mundiais e ajudar os cidadãos e as
empresas da Europa. A comunicação inclui um conjunto de medidas a que a União pode recorrer para dar
resposta aos impactos imediatos dos atuais aumentos de preços e reforçar a resiliência contra choques futuros.
Ali, a Comissão não deixa de sublinhar a importância dos investimentos nas energias renováveis e na eficiência
energética, examinando ainda possíveis medidas relativas ao armazenamento de energia e à aquisição de
reservas de gás, e de avaliar a atual configuração do mercado da eletricidade.
Na apresentação deste conjunto de medidas, a Comissária para a Energia afirmou: «O aumento dos preços
mundiais da energia é motivo de grande preocupação para a UE. À medida que saímos da pandemia e iniciamos
a recuperação económica, é importante proteger os consumidores vulneráveis e apoiar as empresas europeias.
A Comissão ajuda os Estados-Membros a tomar medidas imediatas para reduzir o impacto nas famílias e nas
empresas neste inverno. Em paralelo, identificamos outras medidas a médio prazo a fim de garantir que o nosso
sistema energético seja mais resiliente e mais flexível para resistir a qualquer volatilidade futura dos preços ao
longo da transição. A situação atual é excecional e o mercado interno da energia tem funcionado bem nos
últimos 20 anos. Não obstante, temos de garantir esse bom funcionamento no futuro, concretizando o Pacto
Ecológico Europeu, reforçando a nossa independência energética e cumprindo os nossos objetivos climáticos.»
Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, Sr.as e Srs. Deputados: O Conselho Europeu avaliará ainda a aplicação
das suas conclusões no tema das migrações. Aqui, não podemos deixar de demonstrar preocupação pelo
impacto da situação existente no Afeganistão. É importante fazer chegar a ajuda humanitária, combinada com
a prestação de apoio direcionado às necessidades básicas, em benefício do povo afegão e dos países vizinhos,
mas também assegurar a solidariedade e a segurança dos refugiados que fugiram daquele país, bem como a
cooperação internacional para a prevenção do terrorismo, para a luta contra o crime organizado e contra o
contrabando de pessoas migrantes.
No âmbito das relações externas, deverá o balanço observar a preparação da COP 15 (15.ª Conferência das
Partes) na Convenção sobre Diversidade Biológica, a decorrer na China, e a COP 26 (26.ª Conferência das
Partes) sobre alterações climáticas, que se realizará em Glasgow, de 31 de outubro a 12 de novembro de 2021.
Da combinação da reflexão em torno da diversidade biológica e das alterações climáticas, encontramos o valor
dos oceanos, tão caro a um país como Portugal.
O Sr. Primeiro-Ministro, há pouco tempo, enfatizou a importância dos oceanos, afirmando que a «Europa tem
de assumir os oceanos como grande causa e missão global».
O Sr. Presidente: — Sr. Deputado, tem de concluir.
O Sr. Pedro Cegonho (PS): — Gostaria de terminar lançando uma questão ao Governo: como se sublinhará a importância da concertação europeia para estas duas reuniões no âmbito da ONU (Organização das Nações
Unidas), tendo no horizonte a Conferência dos Oceanos da ONU, que Portugal acolherá em Lisboa,
coorganizada com o Quénia, de 27 de junho a 1 de julho de 2022?
Aplausos do PS.