23 DE OUTUBRO DE 2021
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O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado João Cotrim de Figueiredo, do Iniciativa Liberal.
O Sr. João Cotrim de Figueiredo (IL): — Sr. Presidente, este voto de solidariedade que o Sr. Presidente, em boa hora, resolveu apresentar permite-nos, a propósito desta Jornada de Memória e Esperança, afirmar,
de uma forma clara e inequívoca, a nossa homenagem às vítimas da COVID-19, a nossa solidariedade com
todos aqueles que foram afetados e o nosso reconhecimento pelo esforço dos profissionais de saúde, que
tanto nos ajudaram nesta fase difícil e continuam, ainda, a ajudar.
Mas o facto de se tratar de uma jornada de memória também me permite dizer que não vamos esquecer as
vítimas futuras dos atrasos de consultas, de exames, de cirurgias. Não vamos esquecer os alunos cuja
aprendizagem, cuja socialização, cuja saúde mental foi gravemente afetada por esta pandemia. Não vamos
esquecer as grávidas que foram impedidas de ser acompanhadas no seu processo de gravidez. Não vamos
esquecer todos os portugueses que, todos os dias, continuam a ser confrontados com a deficiente resposta do
SNS (Serviço Nacional de Saúde) pelo caos que se verifica em várias unidades hospitalares.
Por se tratar de uma jornada de esperança, gostaria de dizer a todos os portugueses que a verdadeira
fonte de esperança é não confundirmos estes momentos de homenagem, de reconhecimento e de
solidariedade com um branqueamento dos verdadeiros problemas que, no futuro, poderão levar, mais uma
vez, a que os portugueses não tenham, nos serviços públicos, a resposta de que efetivamente precisam.
Para esse momento de esperança e para essas respostas, poderão sempre contar com o Iniciativa Liberal.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Mariana Silva, de Os Verdes.
A Sr.ª Mariana Silva (PEV): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Relativamente ao voto de solidariedade pela Jornada de Memória e Esperança, que decorrerá nos próximos dias 22 e 24 de outubro, Os
Verdes, além de se associarem e de saudarem os seus promotores, gostariam de deixar algumas reflexões.
Os dias de desconhecimento, de medo, de isolamento parecem-nos já bem distantes. Na memória, ficam
esses tempos de receios, mas ficam, sobretudo, os momentos de coragem daqueles que continuaram a
trabalhar para garantir as necessidades do nosso dia a dia. Na memória fica, sobretudo, o valor inestimável do
Serviço Nacional de Saúde, o empenho dos profissionais de saúde que se entregaram para que muitos
sobrevivessem a um vírus desconhecido. Na memória, ficam as incertezas sentidas na resposta rápida que a
ciência nos deu e na coragem com que a população respondeu a esta chamada.
Que bom seria que todas as pessoas do mundo tivessem acesso à vacinação, porque ninguém escapou ao
vírus! Os valores comerciais e capitalistas falam mais alto e, por isso, a vacinação será mais lenta em várias
partes do mundo, como se estes seres humanos fossem filhos de um deus menor.
Infelizmente, as promessas de mudança de comportamentos, de maior solidariedade, de uma maior
preocupação com o outro e com o planeta rapidamente se desvaneceram. É o que se observa quando
continuamos a ter idosos isolados e com medo, quando, ainda hoje, não temos as condições necessárias para
apoiar e prevenir a doença mental, quando as crianças e jovens ainda não têm as condições necessárias de
acesso ao desporto, à mobilidade, à saúde e à cultura.
Para o futuro, fica a certeza de que é necessário investir mais nos serviços públicos e reconhecer o papel
dos investigadores e dos técnicos. Fica a certeza de que a saúde pública não pode ser descurada, de que a
saúde mental precisa de deixar de ser o parente pobre, de que a escola pública precisa de ser melhorada e de
que é primordial proteger o ambiente e a natureza para que futuras pandemias possam ser prevenidas.
Para o futuro, mantemos a luta por melhores condições de vida como homenagem a todos os que
morreram com ou de COVID-19 e por todos os que perderam a vida por não terem sido assistidos, nas suas
doenças crónicas ou nas doenças que surgiram, durante estes meses difíceis.
Não podemos esquecer o passado, precisamos de aprender com ele e é urgente que se olhe para o futuro
com a esperança de que é possível.
Aplausos do PEV e do PCP.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado André Ventura, do Chega.