14 DE OUTUBRO DE 2022
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O Sr. Presidente: — Para abrir o debate em nome do Governo, tem a palavra o Sr. Ministro das
Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos.
O Sr. Ministro das Infraestruturas e da Habitação: — Sr. Presidente da Assembleia da República, Sr.as e
Srs. Deputados: O Governo foi chamado para participar hoje num debate de atualidade sobre o tema, e cito,
«privatização da TAP». É com espírito de transparência, humildade e convicção que o Governo vem a esta
Câmara assumir e debater todas as decisões estratégicas tomadas em relação à companhia aérea.
Porém, não é possível deixar de sublinhar a ironia de este debate ter sido requerido pelo único partido
representado nesta Assembleia que nunca teve a coragem de dizer ao País que decisão teria tomado caso em
2020 fosse Governo.
Aplausos do PS.
Ao fim destes dois anos e meio, o PSD continua a ser incapaz de assumir uma posição clara, continua a
furtar-se a uma discussão aberta e corajosa e a falhar à responsabilidade de dizer qual era, afinal, a sua solução
para resolver a emergência que a TAP enfrentou quando o impacto da pandemia a obrigou a deixar todos os
seus aviões no chão. No fundo, o PSD, no tema da TAP, como em muitos outros, escolhe comportar-se mais
como um partido de protesto do que como um partido de Governo.
O PSD invoca os custos orçamentais que o resgate da TAP representa. O País conhece-os bem, o Governo
nunca os escondeu: grande parte desses custos foi financiada pelos contribuintes e outra parte pelos seus
trabalhadores, que têm os salários cortados, e pela própria empresa, que tem hoje a sua atividade limitada.
O que o PSD omite é quanto custaria ao País se a empresa tivesse falido em 2020. Sem a intervenção
pública, a TAP fecharia portas e o País perderia uma das maiores exportadoras nacionais, responsável por 3
mil milhões de euros em vendas ao exterior, dos quais 1000 milhões líquidos; uma empresa que fazia 1,3 mil
milhões de euros de compras a mais de 1000 empresas nacionais; uma empresa que evita 700 milhões de euros
em importações em bilhetes, que, na ausência da TAP, os portugueses, para viajar, teriam de comprar a
companhias aéreas estrangeiras.
O Sr. António Prôa (PSD): — Não é isso que está em causa!
O Sr. Ministro das Infraestruturas e da Habitação: — Mas o fim da TAP traria mais do que o fim de uma
empresa; traria o fim de um modelo de negócio que faz do Aeroporto Humberto Delgado um hub, uma plataforma
giratória de passageiros que a TAP traz dos continentes americano e africano e distribui por Portugal e por toda
a Europa. Portugal é uma porta de entrada e saída na Europa por causa da TAP e do hub. O desaparecimento
da TAP não obrigaria apenas a que os portugueses fossem a Madrid apanhar voos de ligação, o fim da TAP
significaria a entrega de um negócio de milhares de milhões de euros a Espanha.
Sr.as e Srs. Deputados, em todo este debate existem duas ideias falsas que o PSD continua a alimentar. A
primeira é que o Governo nacionalizou a TAP em 2020 por causa da reversão parcial da privatização feita pela
direita em 2015.
O Sr. António Prôa (PSD): — Por causa da geringonça!
O Sr. Eurico Brilhante Dias (PS): — Não tinham dinheiro para pagar salários!
O Sr. Ministro das Infraestruturas e da Habitação: — Esta é, porém, uma narrativa que não tem qualquer
fundamento;…
A Sr.ª Emília Cerqueira (PSD): — Não?!
O Sr. Ministro das Infraestruturas e da Habitação: — … e não tem porque a nacionalização da empresa,
em 2020, teria de ser feita mesmo que a TAP fosse, à altura, totalmente privada. A intervenção pública não foi