I SÉRIE — NÚMERO 106
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Aplausos da IL.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, em nome do Grupo Parlamentar do PS, tem a palavra o
Sr. Deputado Carlos Brás.
O Sr. Carlos Brás (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr.ª Ministra: As autarquias são a malha
mais fina e mais próxima das populações. São, por isso mesmo, as entidades que melhor podem, por um lado,
responder às necessidades do território e, por outro, concretizar os desígnios do Estado e as orientações do
Governo.
Sr. Deputado do Chega, contrariamente ao ataque cerrado que aqui desferiu às autarquias locais, os
municípios têm vindo, ao longo dos últimos anos, a dar um contributo fundamental e decisivo para a melhoria
do défice público através de sucessivos superavits anuais, acompanhados de reduções do endividamento, dos
pagamentos em atraso e dos prazos médios de pagamento, bem como de clara melhoria dos níveis de
execução orçamental.
Portugal dispõe, neste momento, de uma oportunidade única na sua história. O Plano de Recuperação e
Resiliência é essa oportunidade, mas constitui simultaneamente um desafio inédito: o da sua execução até
2026. Exatamente por estas razões entendem o Governo e este grupo parlamentar que é importante reforçar
os mecanismos ao dispor dos municípios para que possam cumprir esse desígnio.
As alterações ao regime financeiro das autarquias locais que hoje discutimos e que daqui a pouco
votaremos visam, exatamente, melhorar as condições de execução aos municípios. Em primeiro lugar,
aumentando de dois para três anos o prazo máximo de utilização do capital de empréstimos de médio e longo
prazos e, em segundo lugar, criando um regime excecional e temporário que prorroga até 31 de dezembro de
2026 o prazo de utilização do capital nos empréstimos a médio e longo prazos e aumenta de 20 % para 40 %
a margem de endividamento disponível.
Sobre esta proposta, foi consultada a Associação Nacional de Municípios, que se manifestou
favoravelmente, não obstante reivindicar uma alteração mais profunda ao regime financeiro das autarquias
locais. A este propósito, o PCP traz-nos um conjunto de propostas que constituem uma verdadeira alteração
estrutural ao modelo de financiamento dos municípios que não podemos acompanhar por falta de
enquadramento global, de ponderação e de fundamentação.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Sim, é preciso ponderar e logo se resolve!
O Sr. Carlos Brás (PS): — Sr.as e Srs. Deputados, este é o tempo de consolidar, de aumentar as verbas a
transferir para os municípios e de reforçar competências e meios. O Governo tem, no seu Programa, diversos
compromissos que implicam a revisão do regime financeiro das autarquias locais e, portanto, continuando o
diálogo e a colaboração com a Associação Nacional de Municípios, esse tempo chegará e também chegará a
esta Assembleia.
Por ora, e face às dificuldades acrescidas criadas pelos níveis de execução e de inflação, pela rutura de
algumas cadeias de abastecimento e por escassez de recursos humanos em alguns setores da economia,
este é um passo que melhora claramente a capacidade de ação dos municípios.
Aplausos do PS.
Protestos do Deputado do CH Pedro Pinto.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, em nome do Grupo Parlamentar do PSD, tem a palavra o
Sr. Deputado Jorge Paulo Oliveira.
O Sr. Jorge Paulo Oliveira (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr.ª Ministra Adjunta e dos
Assuntos Parlamentares: Conforme se pode ler logo no primeiro parágrafo da exposição de motivos da
iniciativa legislativa do Governo, a mesma procura apoiar a capacidade de investimento das autarquias locais