I SÉRIE — NÚMERO 7
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O Sr. João Cotrim Figueiredo (IL): — … modelo que, aliás, convém aqui recordar, tirou, no último meio século, centenas de milhões de pessoas da pobreza no mundo inteiro, no maior movimento de correção de desigualdades global de que há memória na história da humanidade.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Tenha respeito! Tente lá perceber onde está! O Sr. João Cotrim Figueiredo (IL): — Do outro lado da barricada, estão aqueles que gostam do País
fechado, protecionista, obcecado não só com a segurança alimentar, mas com a soberania alimentar que nos últimos tempos assumiu perigosamente uma espécie de sinónimo de protecionismo e de autossuficiência.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Aqui está o contributo da IL para o debate! O Sr. João Cotrim Figueiredo (IL): — Esquecem-se de dizer que, se todos os outros países tiverem a
mesma intenção de ser autossuficientes, os nossos produtores de tomate, azeite, hortícolas, manteiga, leite e todas as outras produções das quais produzimos mais do que consumimos, levam o respetivo rombo, sendo estas produções responsáveis pelo maior crescimento da nossa agricultura nos últimos anos.
Protestos da Deputada do PCP Paula Santos. Mas, pior, as propostas do PCP e do Chega parecem pressupor que os nossos agricultores são burros
quando decidem não cultivar cereais. Protestos do PCP. A nós, Iniciativa Liberal, parece-nos que os nossos agricultores são muito espertos: cultivam aquilo que
acham que tem escoamento sustentável e rentável. Protestos do Deputado do PCP Bruno Dias. Portanto, os cereais não o têm tido e eles não os cultivam. O que os senhores querem fazer, para os tornar
atrativos, é uma de duas coisas: ou subsidiam e alguém vai pagar, e esse alguém é o contribuinte; ou impõem tarifas às importações de outros países e também alguém vai pagar, que é o consumidor, que tem preços mais altos, ou até os agricultores dos países que exportariam para Portugal.
O Sr. Pedro dos Santos Frazão (CH): — Ai agora aumentam os preços! O Sr. João Cotrim Figueiredo (IL): — Esses países, na generalidade, mais pobres do que nós, também
ficariam pior. Portanto, não vejo vantagem em nenhuma destas abordagens. O Sr. Bruno Dias (PCP): — Não têm pão, comam brioche! O Sr. João Cotrim Figueiredo (IL): — Aqui, permita-me o PCP uma pequena sugestão: se estão mesmo
preocupados com a segurança alimentar, telefonem ao vosso amigo Putin e digam-lhe para sair da Ucrânia e libertar os portos do Mar Negro.
Aplausos da IL. O Sr. Bruno Dias (PCP): — Não seja porco! Não seja ordinário! O Sr. Duarte Alves (PCP): — Começa a ser de mais!