O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

I SÉRIE — NÚMERO 19

58

cantam, hoje, em 2023, há mais de 1,6 milhões de utentes sem médico de família, mais 600 000 do que quando chegou o Partido Socialista ao Governo.

Mas esta é mais do que a marca de uma governação falhada, é a verdadeira tragédia para os portugueses que não têm acesso aos cuidados primários, para aqueles portugueses que têm de ir, de madrugada, para as filas de espera, para obter uma consulta nos centros de saúde, e que, por isso, são obrigados a recorrer às urgências hospitalares; urgências entupidas, em colapso, a funcionar de forma intermitente, a fechar por todo o País, de Braga a Portimão, de Aveiro a Lisboa e até Almada.

O Sr. Eurico Brilhante Dias (PS): — E Viana do Castelo? O Sr. Rui Cristina (PSD): — Sr. Ministro, ouça os seus antigos camaradas de Governo, que não hesitam

em classificar a atual situação do SNS como uma situação de sinal de degradação do sistema e em avisá-lo de que as urgências hospitalares terão de estar sempre abertas a todos os cidadãos, mas o Governo do Partido Socialista acha que pode resolver o problema das urgências fechando a porta apenas aos doentes não referenciados. É uma solução que pode parecer simples, mas que é simplesmente desumana, é inaceitável, segundo considera o Partido Social Democrata.

Aplausos do PSD. Por isso, pergunto-lhe, Sr. Ministro, como tenciona pôr em prática tal solução magnífica e quando é que o

Governo percebe que só através de um maior acesso dos portugueses aos cuidados primários e de um acordo sério e leal com os profissionais de saúde poderão as urgências ser descongestionadas e, já agora, qual é a meta do Governo para 2024, em termos de atribuição de médicos de família.

Finalmente, para encerrar, dou-lhe um conselho, Sr. Ministro: tente explicar ao Sr. Primeiro-Ministro que o aumento das idas às urgências, de que ele ainda ontem se vangloriou, não é um bom indicador, é apenas mais uma prova de um SNS disfuncional, que está degradado e que não está a funcionar.

Aplausos do PSD. O Sr. Presidente: — Para um pedido de esclarecimento em nome do Bloco de Esquerda, tem a palavra a

Sr.ª Deputada Isabel Pires. A Sr.ª Isabel Pires (BE): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sr. Ministro, na vida há sempre quem veja o

copo meio vazio e há aqueles que veem sempre o copo meio cheio, mas depois há quem diga que o copo está a transbordar, mesmo quando não existe sequer um copo. E isto é, de facto, aquilo que o Ministro da Saúde tem sido nos últimos tempos.

O Governo tem repetido até à exaustão uma série de números — sempre os mesmos, ainda hoje voltámos a ouvir — quanto ao volume de consultas, cirurgias e urgências. É o tal copo que está a transbordar.

Mas depois há os números que as pessoas realmente sentem na pele. O número de utentes em lista de espera para consulta cresceu, mais 58 000 pessoas. O número de utentes em espera para cirurgia cresceu, mais 25 000 pessoas. O número de utentes sem médico de família continua a crescer e estamos, neste momento, em 1,6 milhões de pessoas, um aumento, nos últimos cinco anos, de 114 %.

Portanto, Sr. Ministro, de cada vez que o Partido Socialista diz que está a investir no SNS, nos últimos tempos, há mais uma urgência que encerra. E, de cada vez que o Sr. Ministro simula negociações sem qualquer intenção de chegar a acordo — porque diz uma coisa, mas depois apresenta por escrito outra completamente diferente —, há mais médicos a abandonar o SNS. De cada vez que bate com a mão no peito a defender o SNS, está no Orçamento a entregar mais uma fatia do orçamento da saúde aos privados — fatia esta que tem aumentado nos últimos anos. Esta é a realidade.

Como já aqui foi dito e temos falado nos últimos dias, Viana do Castelo, Braga, Barcelos, Guarda, Portalegre, Gaia, Aveiro, Lisboa — enfim, a lista continua —, por todo o País, a estratégia do Governo é apenas a do encerramento, seja ele rotativo seja ele definitivo, e cada vez mais ele está a tornar-se definitivo. A estratégia não é colocar mais profissionais no SNS, é encerrar serviços do SNS.