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II SÉRIE — NÚMERO 95

"VER DIÁRIO ORIGINAL"

Ofir, ou seja, a beleza natural de Fão, sempre existiu, é verdade. Só que foram precisos a força o entusiasmo, a visão e a loucura de um homem do Porto para a dar a conhecer ao mundo. Lógico seria que os habitantes de Fão perpetuassem adequadamente a memória deste pioneiro e, muito embora na totalidade dos seus habitantes não se lobrigue capacidade e económica para a prossecução da estrutura urbanística a que Sousa Martins meteu ombros, pelo menos entendemos ser um dever inteligente dos Fangueiros a preservação dos suportes naturais com que aquela terra foi exuberantemente dotada...

Infelizmente, não é isso que está a suceder. Os Fangueiros estão a destruir o seu frondoso pinhal. De que maneira?

Na maior das calmas...

Os pinheiros, tanto do lado da Restinga como do íado da Bonança, estão a ser derrubados. Quer de dia, quer de noite, quem passa pelas estradas que vêm da praia depara sistematicamente com um ou dois carrinhos de mão carregados de toros de madeira roubados no pinhal. Tudo se faz na maior das calmas e na mais completa impunidade e de diferentes maneiras. Os depredadores atiram uma ou duas árvores abaixo, serram-nas de pronto e transportam-nas para casa. Em alternativa, lançam o pinheiro ao chão, deixando um toro de meio metro ou de um metro de altura, e depois vão dar uma volta a ver em que param as modas. Nada se registando de anormal, toca de serrar os troncos e ala para casa com a maior displicência...

Ao analisarmos o largo diâmetro de algumas árvores abatidas pensamos que os respectivos proprietários colaboram activamente nesta destruição generalizada, na mira de poderem vender mais facilmente os terrenos. Não havendo arvoredo, não existindo sementeira, a terra torna-se morta e menos dificilmente será utilizada na construção. No pinhal que pertence à SOFIR — e é quase todo — verifica-se um abandono total da propriedade, porventura uma grande desmotivação, e aí os serradores estão em sua casa. As árvores derrubadas são de grande porte.

Não ficará uma árvore

É possível que o actual custo do gás e da electricidade ajude a explicar parcialmente esta razia. Recordamos ainda assim que dantes também se ia às pinhas, aos galhos e à faúlha, mas deixavam-se as árvores de pé. Hoje a conveniência tácita ou activa dos donos e a ausência de qualquer forma de vigilância por parte das autoridades desperta impulsos de gatunagem a pessoas que até vivem de negócios rentáveis. Como tudo é fácil, a consciência fica bloqueada.

Conclusivo é que o factor económico ou o que quer que seja não pode justificar este arboricídio continuado. Dentro de meia dúzia de anos não haverá uma árvore no famoso pinhal de Ofir, o que redundará numa tragédia, num empobrecimento de Fão, terra que vive essencialmente do turismo.

São muitas dezenas de famílias que alugam as suas casas no Verão: são muitas dezenas de empregados que trabalham nos hotéis da área: por sua vez, o comércio local só se revitaliza nos meses de Verão. Destruindo-lhe o meio natural, o aldorado Ofir deixará de ser um chamariz para os visitantes, quer nacionais quer estrangeiros.

Está-se perante um caso singular de um bem — os pinheiros — que faz mais falta ao respectivo agregado social, à freguesia, do que aos seus directos donos.

Daí que os Fangueiros devem tomar consciência deste progressivo descalabro e tomar medidas adequadas que mereçam ser prosseguidas pelas autoridades municipais, pois o turismo de Fão possui interesse concelhio e nacional.

A propósito, por que tarda a instalação de um sub-posto da GNR naquela terra?

Jornal de Esposende, de 15 de Março de 1986 Ofir — Pinhal careca?

O derrube de pinheiros, alguns de grande porte, que se vai detectando no pinhal de Ofir é sintoma de que em breve será mais um careca a assinalar nesta zona turística de craveira internacional.

Nada se conhece dos motivos deste desbaste no mais frondoso e acolhedor pinhal da beira-mar.

Se, por um lado, possamos imaginar da conivência dos proprietários para «descobrir» áreas de construção urbana, poderá ser uma actividade furtiva para compensar a carestia da vida.

Aqui fica o alerta para a futura comissão ecológica e ambiental, e cremos que, nesta matéria, muito terá a fazer, sobretudo para esclarecer os «lenhadores» furtivos dos males que poderão causar à riqueza paisagística do concelho e não só.

Requerimento n.° 2180/1V (1.°)

Ex.mo Sr. Presidente da Assembleia da República:

Em 30 de Junho passado, a administração do Complexo Mineiro de Argozelo, concelho de Vimioso, enviou aos seus trabalhadores um telex comunicando a impossibilidade de manter a mina em laboração e, portanto, a imediata cessação dos contratos de trabalho, fundamentando esta sua decisão no aluimento de terras verificado em Novembro de 1985 que, de acordo com um estudo encomendado a uma empresa especializada, poria em perigo a segurança das instalalações e acarretaria graves riscos para os trabalhadores.

Curiosamente ainda há pouco tempo a referida empresa tornava pública a inexistência de qualquer risco, garantindo a segurança de pessoas e bens, minimizando as consequências do aluimento verificado em Novembro de 1985.

Toda a gente sabe que as razões que levaram ao fecho da empresa não são as apontadas no telex enviado aos trabalhadores — que visa apenas arranjar um suporte