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II SÉRIE-A — NÚMERO 10

mentos da dívida externa de cerca de 400 milhões de dólares, valor que traduz a intenção de o Estado contribuir para a redução da dívida externa, tirando partido do afluxo ao Pais de capitais não relacionados com a dívida externa, com a concomitante acumulação de reservas externas.

Somando as necessidades líquidas do financiamento (655 milhões de contos), o montante previsto das amortizações (481 milhões de contos) e os pagamentos antecipados da dívida externa, obtêm-se as necessidades brutas de financiamento do Estado para 1990, que orçarão, portanto, em cerca de 1200 milhões de contos.

15 — Quanto à Segurança Social, os valores orçamentados em 1990 apontam para um défice da ordem dos 27 milhões de contos, claramente inferior ao que resultava do Orçamento de 1989.

1.2.2 — A gestão da dívida pública

16 — Para suprir as necessidades brutas de financiamento do Estado, previstas em 1200 milhões de contos, emitir-se-á um montante idêntico de dívida pública, que, a titulo meramente indicativo, poderá ter a composição patente no quadro seguinte (coluna das emissões):

QUADRO v Financiamento do Estado em 1890

(Em itilMu o* conto*)

Especificação

Emissões

Amortizações

Diferença

 

(D

(2)

(D - (2)

Obrigações do Tesouro de m/1 prazo ...

475

312

163

 

200

60

140

Obrigações Tesouro Familiar..........

90

41

49

 

-

24

— 24

BTs e CLIPs (liquido de amortização)

387

-

387

 

48

108

- 60

Total.............

1 203

545

655

É de salientar a intenção, que o quadro traduz, de o Estado não proceder a emissões da divida externa em 1990 (para além do recurso a instituições internacionais especiais, como o BEI e o Banco Mundial), face à situação cambial folgada existente e à sua evolução previsível. Tal virá a traduzir-se numa redução líquida da dívida externa. Contudo, no articulado da Lei do Orçamento do Estado, como medida cautelar, autoriza--se o Estado a emitir dívida externa para salvaguardar qualquer situação imprevista que pudesse verificar-se, designadamente na componente de curto prazo dos capitais não relacionados com a dívida externa.

Neste programa preliminar do financiamento do Estado em 1990 ressaltam claramente as grandes orientações da política de gestão da dívida pública, designadamente:

0 Acentuação da componente de títulos de médio e longo prazo transmissíveis para o público, de molde a obter um volume elevado de financiamento não monetário e alongar o prazo médio da divida;

ii) Substituição da dívida antiga vencida — em grande parte colocada junto do sistema bancário e com taxas de juro baixas — por dívida em condições de mercado;

iii) Continuação da redução da divida externa, com accionamento dos mecanismos do seu pagamento antecipado e substituição por dívida interna.

Qualquer destas orientações tende a elevar os custos da dívida pública, com reflexos na componente orçamental de juros. Todavia elas são as consistentes quer com a racionalidade macroeconómica quer com a política monetária em ambiente de controlo monetário indirecto.

Este programa preliminar virá a ser desenvolvido na primeira versão do Programa da Dívida Pública/1990 (PDP/90), meluindo a subanualização dos diversos fluxos em Janeiro do próximo ano.

17 — Numa primeira análise, os números da dívida pública apontam para um crescimento significativo nos últimos anos. De harmonia com os valores do quadro vi, a dívida pública efectiva terá ultrapassado, em 1988, a barreira dos 80% do PIB.

QUADRO vi Aspectos da divida pública

(SaMos «111 fim o» portodo — «rn porcarttagam do PIB)

Especificação

1984

1985

1986

1987

1988

 

63,2

66,2

64,3

72,2

74,5

 

38

44

46,4

56

58,9

 

2S.2

22,2

17.9

16,2

15,6

 

13.3

11

8,9

7.6

7,3

Dívida efectiva=A + B.....

76,5

77,2

73,2

79,8

81,8

Está-se, contudo, perante um mero crescimento aparente, já que resulta, preponderantemente, do saneamento de inaceitáveis situações tendentes à minoraçào artificiosa dos valores convencionais da dívida pública. Com efeito, das razões subjacentes ao empolamento dos números da dívida efectiva nos últimos anos, destacam-se, desde logo, duas:

0 Contabilização de dividas já existentes;

ii) Racionalização dos juros da divida pública.

18 — No que respeita à contabilização de dívidas já existentes, resultou de um imperativo lógico: em face do objectivo proclamado de imprimir a máxima transparência às contas públicas, tornava-se intolerável a existência dos elevados montantes em divida que pejavam as contas de vários organismos autónomos e que mais não representavam do que uma dívida pública oculta.

A razão de ser de tal dívida oculta parece bem simples: para impedir o avolumar da dívida pública convencional, ter-se-á recorrido, ao longo de vários anos, ao estratagema de levar alguns organismos autónomos a contraírem empréstimos para financiarem as suas despesas, substituindo-se, assim, as dotações do OE de transferência a favor desses serviços que deveriam ter lugar.

O saneamento desta dívida oculta, levado a cabo de 1985 para cá, assumiu, entretanto, duas formas principais: o pagamento puro e simples ou a assunção