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II SÉRIE-A — NÚMERO 22

dos «cruzados» ser uma cruz desenhada no peito da armadura, símbolo esse também referido pela forma geométrica do punho da espada que sempre os acompanhava, arma que era corrente ser designada por «ferro».

Por qualquer destas razões o lugar começou a ser referido por «a de Fernann Ferro».

A primeira referência a Fernão Ferro encontra-se assinalada num documento existente na Torre do Tombo, pelo qual ficamos a saber o seguinte:

Em 10 de Janeiro de 1501, os «sesmeiros» de Sesimbra (alcaide-mor e almoxarife), no castelo, dão «carta de sesmaria» a favor de Braz Teixeira, cavaleiro da Casa de El-Rei Nosso Senhor D. Manuel I, os terrenos onde se chama «a de Fernão Ferro», com suas fontes e ruínas de uma casa que pelo aspecto parece ser de outros tempos, para os aproveitar em vinhas, terras de cultivo e em pomar.

Em Dezembro de 1547 é deixada em testamento «para conforto da alma» aos frades Jerónimos do Mosteiro de Belém a já designada «quinta de Fernão Ferro».

A tomada de posse da dita quinta pelos frades de Belém ocorre em 12 de Janeiro de 1548, já que D. João III lhes passa uma «carta».

Em 1834, com a extinção das ordens religiosas, os pinhais da Palmeira e do casal de Fernão Ferro foram vendidos em hasta pública.

É, pois, antiga a designação do lugar, mas o povoamento é recente.

Por volta de 1902 começaram a vir para Fernão Ferro várias famílias oriundas das zonas dos Brejos da Moita, Barra Cheia e Penalva.

Assim, homens estranhos à zona ou área (cerca de 33 casais) desbravaram os matos, cultivaram a terra e dela fizeram um hortejo. Outros trabalhavam nos pinhais da família Almeida Lima, cortando pinho que era transportado em carretas para o Cais da Raposa, e daí em fragatas para os fornos da capital. Outros cortavam rolaria e faziam carvão. Nas hortas cultivavam--se produtos hortícolas e tabaco e nas partes altas (expostas a sul) a vinha, produzindo bom vinho. A vinha perdeu-se totalmente aquando do ataque da «filoxera».

Era Fernão Ferro, por outro lado, local de passagem (no início do século xx) da «deligência» que transportava os viajantes de Sesimbra para o Seixal. A carreira era explorada por João Maria dos Santos, e em Fernão Ferro havia uma «muda» dos animais que puxavam a diligência.

No mês de Setembro, todos os anos, passavam por Fernão Ferro os «círios» da região saloia de Lisboa e da Costa da Caparica para a Romaria da Senhora do Cabo Espichel. Vinham em centenas de carroças engalanadas com canas e enfeites de papel e era hábito descansarem ou almoçarem junto do Chafariz de Fernão Ferro.

3 — Razões de ordem demográfica, económica, cultural e administrativa

Hoje, Fernão Ferro, com os seus 2500 fogos e 6000 habitantes com residência fixa, prova a dinâmica de crescimento demográfico, originado pela fixação de trabalhadores nos diversos sectores de actividade, uns trabalhando na «margem sul» e na cidade de Lisboa

(com predominância de operários — 47,2°7o, seguidos dos quadros médios — 18,1 %, e os empregados de serviços — 15,8%), outros nos vários estabelecimentos de comércio diário de Fernão Ferro, na farmácia, nas duas escolas primárias, no posto médico e na policlínica, por exemplo.

Fernão Ferro deu origem a um núcleo com características próprias, com riqueza de traços sociológicos, e emerge num espaço integrado em área de cariz «algo» urbana, todavia marcada por forte ruralidade envolvente.

A atestar o peso do «comércio e serviços» na povoação, foca-se em particular:

A existência de um centro comercial (com 12 lojas);

Uma farmácia;

Um centro de saúde;

Uma policlínica;

Duas escolas primárias;

Cinco serralharias civis;

Cinco oficinas de reparação e manutenção de automóveis; Um motel; Vinte cafés;

Três salões de cabeleireiro;

Duas lojas de ferragens;

Duas lojas de móveis;

Duas lojas de material eléctrico;

Mercado do Levante;

Cinco papelarias;

Catorze restaurantes;

Quatro talhos.

Mas a sua economia passa ainda pela existência de:

Uma indústria de panificação;

Uma fábrica de tijolo;

Uma fábrica de móveis;

Uma fábrica de transformação de cortiça;

Uma fábrica de transformação de papel;

Uma fábrica de tintas.

Por outro lado, pode considerar-se que existe uma raiz cultural própria, diferenciada das freguesias limítrofes, que também se exprime na existência de um forte espírito e movimento associativo, de natureza recreativa, desportiva e cultural, prosseguidos pelos seus:

Três grupos desportivos (com instalações para vários desportos); Um rancho folclórico;

Um centro paroquial (onde funciona o parque aberto com 60 crianças);

E as suas igrejas evangélica, protestante, testemunhas de Jeová e adventista;

Bem como a sua Associação Dinamizadora para a Urbanização de Fernão Ferro (ADUFF).

Torna-se, assim, necessário responder a necessidades básicas inadiáveis, a interesses das populações no domínio administrativo, no ordenamento urbanístico e na criação de infra-estruturas, necessidades estas cuja resposta passa pela autonomia e a criação da nova freguesia.

A nova freguesia a criar é verdadeiro anseio das populações residentes.