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II SÉRIE-A — NÚMERO 37

c) Dificuldade em apreender correctamente a pronúncia de lermos de âmbito técnico c científico, muitas vezes adquiridos através da língua escrita (leitura);

d) Dificuldades causadas, com a abolição dos acentos, à aprendizagem da língua, sobretudo quando esta se faz em condições precárias, como no caso dos países africanos, ou em situação de auto--aprendizagem;

e) Alargamento, com a abolição dos acentos gráficos, dos casos de homografia, do tipo de análise (s.)/ analise (v.), fábrica (s.)/fabrica (v.), secretária (s.)/ secretaria (s. ou v.), vária (s.)/ varia (v.), etc, casos que, apesar dc dirimíveis pelo contexto sintáctico, levantariam por vezes algumas dúvidas e constituiriam sempre problema para o tratamento informatizado do léxico;

f) Dificuldade em determinar as regras de colocação do acento tónico em função da estrutura mórfica da palavra. Assim, as proparoxítonas, segundo os resultados estatísticos obtidos da análise dc um corpus de 25 000 palavras, constituem 12 %. Destes 12 %, cerca de 30 % são falsas esdrúxulas (cf. génio, água, etc). Dos 70 % restantes, que são as verdadeiras proparoxítonas (cf. cómodo, género, etc), aproximadamente 29 % são palavras que terminam em -icol -ica (cf. ártico, económico, módico, prático, etc). Os restantes 41 % de verdadeiras esdrúxulas disiribucm-se por cerca de 200 terminações diferentes, em geral dc carácter erudito (cf. espírito, ínclito, púlpito; filólogo; filósofo; esófago; epíteto; pássaro; pêsames; facílimo; lindíssimo; parêntesis; etc).

5.4 — Supressão de acentos gráficos cm certas palavras oxftonas c paroxftonas (bases viu, ix c x)

5.4.1 — Em casos de homografia (bases viu. 3.9, e ix, 7° e 8.°)

O novo texto ortográfico estabelece que deixem de se acentuar graficamente palavras do tipo dc para (á), flexão de parar, pelo (ê), substantivo, pelo (é), flexão dc pelar, etc, as quais são homógrafas, respectivamente, das pro-clíticas para, preposição, pelo, contracção de per c lo, etc

As razões por que se suprime, nestes casos, o acento gráfico são as seguintes:

a) Em primeiro lugar, por coerência com a abolição do acento gráfico já consagrada pelo Acordo de 1945, em Portugal, e pela Lei n.e 5765, dc 18 de Dezembro de 1971, no Brasil, em casos semelhantes, como, por exemplo: acerto (ê), substantivo, e acerto (é), flexão dc acenar; acordo (ô), substantivo, e acordo (ó), flexão de acordar; cor (ô), substantivo, e cor (ó), elemento da locução de cor; sede (ê) e sede (é), ambos substantivos; etc;

b) Em segundo lugar, porque, tratando-se dc pares cujos elementos pertencem a classes gramaticais diferentes, o contexto sintáctico permite distinguir claramente tais homógrafas.

5.4.2 — Em paroxitonas com os ditongos e/e oi na sílaba tónica (base ix, 3.")

O novo texto ortográfico propõe que nüo sc acentuem graficamente os ditongos ei e oi tónicos das palavras pa-

roxitonas. Assim, palavras como assembleia, boleia, ideia, que na norma gráfica brasileira se escrevem com acento agudo, por o ditongo soar aberto, passarão a escrever-se sem acento, tal como aldeia, baleia, cheia, etc.

Do mesmo modo, palavras como comboio, dezoito, estróina, etc, em que o timbre do ditongo oscila entre a abertura e o fechamento, oscilação que se traduz na facul-tatividade do emprego do acento agudo no Brasil, passarão a grafar-se sem acento.

A generalização da supressão do acento nestes casos justifica-se não apenas por permitir eliminar uma diferença entre a prática ortográfica brasileira e a lusitana, mas ainda pelas seguintes razões:

o) Tal supressão é coerente com a já consagrada eliminação do acento em casos de homografia heterofónica (v. base rx, 8.9, e, neste texto atrás, 5.4.1), como sucede, por exemplo, em acerto, substantivo, e acerto, flexão de acertar, acordo, substantivo, e acordo, flexão de acordar, fora, flexão de ser e ir, e fora, advérbio, etc;

b) No sistema ortográfico português não se assinala, em geral, o timbre das vogais tónicas a, e e o das palavras paroxitonas, já que a língua portuguesa se caracteriza pela sua tendência para a paroxi-lonia. O sistema ortográfico não admite, pois, a distinção entre, por exemplo: cada (â) e fada (á), para (â) e tara (á); espelho (ê) e velho (ê), janela (é) e janelo (ê), escrevera (ê), flexão de escrever, e Primavera (é); moda (ó) e toda (ô), virtuosa (6) e virtuoso (ô); etc.

Então, se não se toma necessário, nestes casos, distinguir pelo acento gráfico o timbre da vogal tónica, por que se há-de usar o diacrítico para assinalar a abertura dos ditongos ei e oi nas paroxitonas, tendo em conta que o seu timbre nem sempre é uniforme e a presença do acento constituiria um elemento perturbador da unificação ortográfica?

5.4.3 — Em paroxitonas do tipo de abençoo, enjoo, voo, etc. (base ix. 9.a)

Por razões semelhantes as anteriores, o novo texto ortográfico consagra também a abolição do acento circunflexo, vigente no Brasil, em palavras paroxitonas como abençoo, flexão de abençoar, enjoo, substantivo e flexão de enjoar, moo, flexão de moer, povoo, flexão de povoar, voo, substantivo e flexão de voar, etc.

O uso do acento circunflexo não tem aqui qualquer razão de ser, já que ele ocorre em palavras paroxitonas cuja vogal tónica apresenta a mesma pronúncia em todo o domínio da língua portuguesa. Além de não ter, pois, qualquer vantagem nem justificação, constitui um factor que perturba a unificação do sistema ortográfico.

5.4.4— Em formas verbais com u e ui tónicos, precedidos de g e q (base x, 6.6)

Não há justificação para se acentuarem graficamente palavras como apazigue, arguem, etc, já que estas formas verbais são paroxitonas e a vogal u é sempre articulada, qualquer que seja á flexão do verbo respectivo.

No caso dc formas verbais como argui, delinquis, etc, também não há justificação para o acento, pois se trata de oxítonas terminadas no ditongo tónico ui, que como tal nunca 6 acentuado graficamente.