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5 DE MARÇO DE 1998

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coube, pela planta tirada na altura, uma estação implantada no interior do referido pinhal, que logo foi apelidada de Pinhal Novo.

Assim começou a localidade a ser reconhecida.

Pinhal Novo entrava no século xx gravitando em torno da estação de caminhos de ferro. Ainda no último cartel do século x\x, com o movimento de colonização e a cedência de pequenas parcelas que, com o decorrer do tempo, evoluíram para propriedades iniciou-se o povoamento do território, baseado na policultura, que se alarga com a vinda dos «ratinhos» e «proletários alentejanos».

O tipo de povoamento era disperso, à excepção do aglomerado de Pinhal Novo, sendo a actividade agrícola e comercial os reguladores e propulsionadores do seu crescimento e desenvolvimento.

Em 1911 Pinhal Novo tinha 263 habitantes, 17 anos mais tarde, quando se afirma como freguesia, já agrupava cerca de 5 000 habitantes.

Pinhal Novo foi assim elevado a freguesia no dia 7 de Fevereiro de 1928, conforme decreto-lei de 10 de Fevereiro do mesmo ano, com uma área de 5 392 ha; a área urbana já detinha 249 ha.

Entre 1970 e 1975 regista-se um grande surto demográfico, o lento desenvolvimento da freguesia foi quebrado nestes últimos anos, facto a que não é alheia a forte pressão demográfica ocorrida nas regiões envolventes dos dois grandes centros urbanos: Lisboa e Setúbal.

Com uma dinâmica económica e perspectiva futura, que traz até si aqueles que procuram trabalho, alguns pinhal--novenses ainda guardam na memória o dia em que foi construída a estação ferroviária e a ponte rodoviária, assim como a escola que funcionou na casa de Rio Frio e depois na sede do Clube Desportivo. Estávamos no ano de 1938.

Antevendo o aumento da população, em 1950 é instalado um posto da Guarda Nacional Republicana e erguido um mercado onde a população pudesse encontrar os bens de que necessitava, por outro lado, uma forma de os agricultores comercializarem os seus produtos.

Nesse mesmo ano (1950) é construída a primeira escola primária a sul. Um ano depois são fundados os Bombeiros Voluntários de Pinhal Novo por Joaquim Francisco Batista, também seu !.° comandante. Por esta altura são construídas as adegas, agora afamadas, de João Pires; ao virar do ano de 1960 é construído o primeiro edifício com mais de um piso.

O espaço da aldeia vai ganhando forma, fôlego, volume e contornos urbanos por entre bairros operários nos anos 60, nesta altura a indústria é escassa e a cerâmica começa a ganhar algum peso, surge uma fábrica de colas e a primeira serração.

Surge o 25 de Abril de 1974, com a consolidação do poder local democrático ocorreram importantes transformações, que contribuíram decisivamente para a melhoria das condições de vida da população residente na freguesia.

A e\evação a vila era inevitável, e surge no dia 11 de Março de 1988, instituída pela Lei n.° 45/88, de 19 de Abril.

Actualmente com mais de 25 000 habitantes, para os 11 000 de 1981, representa um aglomerado populacional maior que 140 dos 305 concelhos de Portugal.

Pinhal Novo apresenta-se, pois, como o centro ferroviário mais importante do Sul do País, a que não será alheia a nova ligação ferroviária de Pragal/Pinhal Novo, para além da prevista construção na zona de Rio Frio do novo aeroporto internacional, a menos de 10 km de Pinhal Novo, e com a já anunciada nova travessia do Tejo, apontam seria-

mente para que se caminhe a passos largos para uma das maiores cidades do distrito de Setúbal.

Todos estes factores, aliados à grande dinâmica urbanística já evidenciada por Pinhal Novo desde a década de 70, apontam claramente para a sua diferenciação como pólo económico e centro urbano em franco crescimento.

Dados históricos

O crescimento de Pinhal Novo e seu progresso está intimamente ligado como já vimos a dois fenómenos: o aparecimento dos caminhos de ferro e a José Maria dos Santos.

Homem de modesta ascendência, José Maria dos Santos tornou-se em poucos anos figura proeminente e poderosa no sector da agricultura portuguesa no último cartel do século xix.

Mercê de uma invulgar capacidade de trabalho, de perseverança, de dinamismo a que não era alheio um autêntico génio empresarial, misturada com audácia, pulso de ferro, bonomia e visão .a longo prazo, cedo se tornou personalidade influente.

Títulos nobiliárquicos rejeitou-os sempre que D. Carlos, de quem era amigo pessoal, pretendeu distingui-lo. O seu nome era o seu brasão, inteligência e trabalho de que justamente se orgulhava.

Licenciado em veterinária, conta a tradição popular que foi a sua profissão que o uniu à baronesa de São Romão, senhora distinta, viúva, que tinha uma cadela de estimação. Encontrando-se esta doente, recorreu aos serviços do veterinário José Maria dos Santos, acabando este por frequentar o palácio de Lagoa da Palha e casar com a baronesa, 15 anos mais velha.

Homem empreendedor, poderia ter-se dedicado à veterinária ou viver dos rendimentos, mas não à comodidade da abastança estagnada, opôs o seu espírito empreendedor, aumentando de forma colossal a área das propriedades, transformando-as de regiões bravias e pantanosas em terras de cultivo e arvoredo.

Considerado o homem mais rico de Portugal, com uma fortuna a rivalizar com a dos potentados europeus, mandou plantar, com requisitos ainda hoje correctos, a maior vinha (Rio Frio) e o maior montado de sobro (Herdade de Palma) do mundo e ainda um grande olival alinhado, que veio a tomar-se mais tarde o maior do País.

Verdadeiro percursor da colonização interna, as terras que arroteou e tratou nos concelhos de Palmela, Montijo (antiga Aldeia Galega) e Alcochete povoou-as ele, fixando os trabalhadores rurais, para o que lhes cedia courelas, promovendo até em jeito de brincadeira inúmeros casamentos.

Aos 27 anos, o homem que viera do nada tinha assento nas Cortes como deputado e par do reino, um ano depois participava na primeira direcção da Associação Central de Agricultura Portuguesa, desdobrando-se entre a política e a agricultura. Aliás, apesar de diversos cargos públicos que desempenhou e da enorme influência eleitoral no concelho de Setúbal, nunca sacrificou a política à devoção que tinha à terra.

Como dizia um dos seus biógrafos, «movia exércitos de trabalhadores, tanto nas vinhas de Rio Frio como nas herdades alentejanas».

A obra levada a cabo revestia-se de tal importância no domínio da agricultura e da colonização interna que D. Carlos houve por bem nomeá-lo par do reino.

A data da sua morte, em 1913, deixaria uma fortuna calculada em 10 000 comos e propriedades que se esten-