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2952 | II Série A - Número 072 | 03 de Julho de 2004

 

Tarouca teve uma preponderância fora do comum ao longo da Idade Média com relevo nos alvores da fundação da nacionalidade. Nesse período Tarouca foi cabeça de um distrito que atingia os rios Paiva e Távora, absorvendo, após o século XI, as Terras de Caria.
A primeira referência escrita a Tarouca reporta-se ao séc. VI Tarouca era, então, uma das seis paróquias da Diocese de Lamego, ocupando uma vasta área que se estendia até ao Rio Paiva.
Em 1057 o seu castelo foi definitivamente conquistado aos mouros por Fernando Magno, Rei de Leão.
O início da nacionalidade está intimamente ligado a Tarouca, quer pelo nosso primeiro rei, cuja figura está associada à construção do Mosteiro de S. João de Tarouca, quer ainda por Egas Moniz que foi Senhor da Honra de Dalvares e cuja esposa, Dona Teresa Afonso, mandou erigir o Convento de Santa Maria de Salzedas. Paio Cortês, monteiro-mor de D. Afonso Henriques, foi Senhor da Honra de Gouviães.
Em 1140 iniciaram-se as obras do que viria a ser o primeiro mosteiro da Ordem de Cister em Portugal: São João de Tarouca. De 1163 data o primeiro documento que referencia a Igreja de São Pedro de Tarouca como abadia uma das primeiras igrejas de Riba Douro. Este vetusto templo românico-gótico está situado no coração da vila, situando-se, em seu redor, o centro histórico de Tarouca, recentemente requalificado. Em 1168 iniciou-se a fundação do Mosteiro de Salzedas. Passado um ano, seria a sagração da Igreja de São João de Tarouca, estando, então, presentes os Bispos de Lamego, Porto e Viseu. No ano de 1227 surgiu a notícia da nomeação de Soeiro Bezerra como "Tenente Taraucam". Em 1262, D. Afonso III concedeu Carta de Foro a Tarouca, com a designação de Castro-Rei. Contudo, este nome não subsistiria mais de uma centena de anos, pois em 1364, surgiram novamente referências, com o nome de Tarouca. Em 1297, D. Dinis fez a doação da Igreja de S. Pedro de Tarouca ao Mosteiro de Salzedas. Em 1354, deu-se a morte de D. Pedro Afonso, Conde de Barcelos, que havia sido Senhor das Terras de Tarouca e da Honra de Várzea da Serra, sendo sepultado em S João de Tarouca, no que é o maior sarcófago granítico de Portugal. Várzea da Serra foi também uma das poucas Beetrias existentes no país. Em 1401, o Rei D. João I doou as terras de Tarouca a seu filho o Infante D. Henrique. Em 1499, o Rei D. Manuel nomeou D. João de Meneses 1.º Conde de Tarouca. Em 1514, o mesmo rei outorgou novo Foral à Vila de Tarouca. Em 1557, o Rei D. Sebastião confirmou o Senhorio de Tarouca a D. Duarte de Meneses que foi Vice-Rei das índias. Em 1710, D. João Gomes da Silva, 4.º Conde de Tarouca, representou Portugal no Tratado de Utreque, como Ministro Plenipotenciário. O concelho de Tarouca foi sede de um julgado com juiz ordinário e, por alvará de 27 de Fevereiro de 1801, foi elevado a distrito de Vara Branca, com jurisdição no crime, no cível e órfãos, em vários dos concelhos vizinhos, estatuto que conservou até 1834, ano em que foram dissolvidos os Mosteiros de S. João de Tarouca e de Salzedas. Nesse mesmo ano o concelho de Várzea da Serra foi suprimido. Em 1836 deu-se a extinção do concelho de Ucanha que passou a incorporar-se no de Mondim da Beira. Curioso, sem dúvida, o modo como se processou esta dissolução, pois resultou de uma decisão conjunta do clero, nobreza e do povo, portanto, a seu pedido, o que era deveras invulgar.
Em 1896 foi a vez dos concelhos de Mondim da Beira e de Tarouca serem extintos. Refira-se que, nessa data, o concelho de Tarouca compreendia ainda as freguesias de Ferreirim, Lazarim, Lalim e Meijinhos, que hoje pertencem ao concelho de Lamego.
No dia 13 de Janeiro de 1898 deu-se a restauração do concelho de Tarouca com as suas actuais dez freguesias: Dalvares, Gouviães, Granja Nova, Mondim da Beira, Salzedas, S; João de Tarouca, Tarouca, Ucanha, Vila Chã da Beira e Várzea da Serra.

O património edificado

Apesar da sua diminuta extensão territorial, o concelho de Tarouca patenteia um conjunto de situações relativamente singulares e até únicas no contexto regional e mesmo nacional, não apenas no que concerne ao património monumental mas também a modelos de organização do espaço e ocupação do território. Daqui se extrai a particular importância do património construído para a definição de identidade própria da região de Tarouca. Como exemplos de património monumental singular temos a Ponte Fortificada de Ucanha, única a nível nacional, a Igreja Conventual de São João de Tarouca um dos mais perfeitos testemunhos da arquitectura da escola de Borgonha (o primeiro mosteiro cisterciense a ser construído no país), a Igreja do Mosteiro de Salzedas, uma das maiores de Portugal e onde é visível grande parte da estrutura românica primitiva ou ainda o medieval Arco de Paradela, pela relativa escassez de monumentos funerários de tipo "memorial"; como exemplos da organização do espaço e de ocupação do território refiram-se os aglomerados serranos concentrados, de que Várzea da Serra é o exemplo mais significativo, e as ocupações de vale ou meia encosta, alinhados ao longo de cursos de água ou de vias pré-existentes remotas, e nestas, as baseadas nos extintos municípios de Mondim da Beira, Ucanha ou Várzea da Serra e no actual de Tarouca e nas antigas estruturas conventuais cistercienses (cuja acção na administração e organização do território ultrapassava as cercas das clausuras até aos limites dos coutos onde detinham jurisdição civil).

Caracterização do património

Monumentos nacionais

Mosteiro de São João de Tarouca - primeiro mosteiro cisterciense do país, fundado no século XII, sob os auspícios de D. Afonso Henriques, com uma bela igreja de três naves com abóbada de berço quebrado, estruturada segundo a matriz românica da Ordem. Importantes obras de arte ornamentam o seu interior, constituindo um relevante património integrado. No espaço da cerca subsistem as minas de outras dependências monásticas. Foi classificada como Monumento Nacional pelo Decreto n.º 95/78, de 12 de Setembro.
Mosteiro de Salzedas - conjunto monástico cisterciense onde sobressaem os dois claustros, a Sacristia, a Casa do Capítulo e a ampla igreja de planta em cruz com três naves e, no exterior, a imponente fachada setecentista inacabada. A primitiva estrutura românica do século XII foi recentemente posta a descoberto. Foi classificada como Monumento Nacional. pelo Decreto n.º 67/97, de 31 de Dezembro.
Ponte e Torre de Ucanha - Constituída por cinco arcos ogivais desiguais, apresenta num dos topos do tabuleiro uma torre que servia, em simultâneo, objectivos de defesa e portagem no Couto do Mosteiro de Saltedas. Exemplar único no país, talvez de origem romana, teve a sua torre reedificada em 1465 por D. Fernando, Abade de Salzedas. É Monumento Nacional desde 1910.

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